segunda-feira, 21 de setembro de 2009

KRISIUN: Vivendo uma vida 100% metal

Ano que vem a Banda completa 20 anos na estrada, fiel as suas raizes sonoras nessas quase duas decádas de existência, o baterista Max Kolesne concedeu uma entrevista a Luana Newer, lendo uns trechos percebi que mesmo depois de quase um ano da entrevista concedida, muitas respostas ainda se mantém atuais, época em que o Krisiun estava lançando o álbum “Southern Storm”, mostrando que a banda continuou seguindo o caminho que trilha com dedicação e perseverança na cena pesada brasileira.


Todo esse esforço, aliado ao talento natural do trio, rendeu reconhecimento e um lugar de destaque mundial. Tanto é que a banda esteve no Canadá para uma série de shows e nos meses de novembro e dezembro de 2008, foram mais de 20 apresentações agendadas pela Europa. Lá a banda já possui um público fiel e ansioso pela barulheira que os gaúchos, representando o Brasil, levam à cena metálica mundial. Na entrevista que segue, o baterista Max Kolesne fala sobre o novo álbum, a aceitação do público, a temática sempre agressiva dos discos da banda e conta o segredo para ser extremo e não soar como se fosse apenas barulho.

Vocês estão de partida para o Canadá [a entrevista foi feita antes da partida da banda (2008)*] e depois seguem para a Europa. Só voltam ao Brasil no final do ano. Qual a expectativa para essas apresentações?
Max Kolesne: Vamos lá e detonar, quebrar tudo, não vai ficar pedra sobre pedra, vamos despejar toda a fúria e brutalidade do Krisiun.
Como “Southern Storm” está sendo recebido pelo público?
Max Kolesne: Numa visão geral eu diria que de todos os nossos discos “Southern Storm” é o trabalho de melhor aceitação até hoje, tanto por parte dos fãs como de imprensa e crítica. Nós demos uma renovada nas composições, as músicas estão mais variadas, com mais peso, dinâmicas. Está mais direto, mas ao mesmo tempo as músicas estão mais brutais e velozes do que nunca.“Southern Storm” está mais ‘extremo’ que os anteriores.
Vocês trabalharam com Andy Classen novamente, mas esse álbum soa mais grave. Como foi a produção do álbum?
Max Kolesne: Realmente “Southern Storm” está mais extremo e a sonoridade mais pesada. Nosso foco na produção do disco, tanto da banda como de Andy foi manter a pegada e a sonoridade o mais natural possível, um som cru, tribal, primitivo, mas claro e moderno ao mesmo tempo, fazer a banda soar como uma verdadeira tempestade devastando com tudo.
As letras de “Southern Storm” falam de temas polêmicos como guerra e fanatismo religioso, mas não há um conceito propriamente dito que o álbum siga. Escrever essas letras e abordar esses assuntos é algum tipo de desabafo ou catarse para a banda?
Max Kolesne: Desde moleque a gente sempre se interessou por coisas relacionadas à guerra, destruição, apocalipse. É algo natural, nunca forçamos. Por exemplo, sempre preferi ver filmes com bastante sangue e violência e já que vivemos em um mundo extremamente brutal e violento, assunto é que não falta pra inspirar nossas letras. Também sempre fomos indignados com toda essa hipocrisia e fanatismo estúpido religioso, aqui no Brasil ‘tá’ tudo junto: miséria, religião e ignorância. E por aí vai, a gente se inspira em coisas reais, nas matanças, nas guerras, nos massacres, que são assuntos fortes e brutais e se encaixam perfeitamente com nossa música.
Vocês já tiveram a preocupação de alguma letra do Krisiun passar uma mensagem negativa ou pessimista?
Max Kolesne: Não porque nunca fizemos letras pessimistas, pelo contrário, nossas letras inspiram as pessoas a acreditarem nelas mesmo, a terem atitude e lutarem por algo verdadeiro na vida, e não serem simples fantoches da sociedade que seguem tudo o que é imposto. Nossos fãs, no geral, são pessoas que tem atitude, são rebeldes, se impõe contra esses religiosos idiotas e vivem a vida de verdade com dignidade, que desprezam o Papa seus seguidores e as asneiras que ele diz.
“Black Wind” é uma faixa curta, instrumental e acústica. Ela soa como um interlúdio, uma pausa, antes do encerramento do álbum. De quem foi a idéia da canção?
Max Kolesne: O Moises além de destruir a guitarra é um grande violonista também. Tinha um violão velho lá no estúdio e ele simplesmente brincou um pouco com o violão, fez uns improvisos, o Andy gravou e resolvemos colocar no álbum, como uma passagem, como um vento macabro anunciando a tempestade.
Por que gravar uma versão para “Refuse/Resist”, do Sepultura? Ela mantém o andamento original, não tem muito a cara do Krisiun...
Max Kolesne: Gravamos porque é um puta som, cheio de ódio e atitude, uma fase em que o Sepultura mudou o som e explodiu no mundo inteiro e influenciou muitas bandas inclusive o Slayer. Muito foda esse som. Não faria sentido acelerarmos o andamento, iria perder a característica, tentamos fazer uma versão fiel à original.
Por falar em Sepultura, muita gente considera que o Krisiun hoje ocupa o lugar que o Sepultura ocupou há alguns anos de ser o maior representante da música pesada do Brasil. O que vocês acham disso?
Max Kolesne: Eu vejo de outra forma, o Sepultura sempre vai ter o lugar deles, pois o nome da banda é gigante no mundo todo, e nós temos o nosso lugar, então são duas bandas do Brasil que ficaram grandes lá foram e representam a musica pesada do Brasil , assim como o Ratos de Porão que estourou na Europa e é um grande representante lá fora também, cada um com o seu espaço. Tem outras bandas vindo aí também, o Torture Squad já vem conquistado o espaço há algum tempo, e por aí vai. O brasileiro, quando toca metal de verdade, o bagulho é mais invocado, mais do gueto, tem uma pegada mais suja, uma característica daqui mesmo. Os gringos piram quando a parada tem originalidade e é bem feita.
Qual o segredo para fazer um som tão extremo e não soar como se fosse apenas barulho?
Max Kolesne: Tem que tocar direito, praticar e ensaiar bastante, ter sentimento, musicalidade, ser músico de verdade. E tem que sentar a mão se não as notas desaparecem no meio da porradaria.
Qual o balanço que vocês fazem desses 18 anos de carreira?
Max Kolesne: Já faz dez anos que nossa rotina é compor, gravar e sair em turnê. Somos muito felizes por podermos viver essa vida 100% metal, nosso sonho de moleque virou realidade.
Quais bandas tem chamado a atenção de vocês atualmente?
Max Kolesne: Claustrofobia, Decapitated, The Ordher, Abomydogs…
Sobre as mudanças na indústria fonográfica mundial, o que mudou para o Krisiun?
Max Kolesne: Apesar dos downloads e da pirataria, os fãs do Krisiun são muito fiéis e dedicados e compram o nosso disco. Claro que no Brasil muita gente deixa de comprar por causa da grana, mas isso faz parte.
Como vocês vêem o futuro da música pesada?
Max Kolesne: Cada dia mais sujo e agressivo.
Algum recado aos fãs brasileiros?
Max Kolesne: Não deixem de ir aos shows ‘underground’ e ficar bêbados. A vida é curta.




Por Luana Newer, Outubro de 2008*.

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