quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fã conta como deixou uma 'gotinha de Brasil' na história dos Beatles - Parte II

A saga de uma brasileira que viveu a era dourada dos Fab Four, numa Londres que respirava psicodelia e toda efervecencia de uma cultura que sacudia o mundo, revolucionando padrões sociais e clamando por paz, diante das mazelas politicas. Época de uma guerra sem gloria, vivenciada pelos Americanos, que a cada dia se mostrava ineficaz e sanguinaria.

As 'largadas' da Apple
Dependendo da disponibilidade dos Fab Four, os temas das conversas com as meninas variavam. “Quando Paul lia coisas sobre o Brasil no jornal, ele vinha me contar: ‘tem enchente no Rio de Janeiro’.” Os Beatles, aliás, ganharam de Lizzie revistas sobre o Brasil e LPs de bossa nova, como um exemplar de “Os Sambeatles”, do Manfredo Fest Trio. E, mesmo quando não rolava muito papo com os músicos, a visita a Abbey Road sempre rendia um registro no diário das adolescentes. Os Rolling Stones costumavam passar lá antes de sair com os Beatles para a 'night'. Vi até o Brian Jones [que morreu em julho de 1969].” Em troca de tanta dedicação, as fãs receberam do guitarrista George Harrison a canção “Apple Scruffs”, que foi incluída no disco solo “All things must pass”. Na faixa, o músico canta e toca acompanhado por Bob Dylan na gaita. A letra diz: “Vejo vocês aí sentadas / Quem passa olha espantado / Como se vocês não tivessem pra onde ir / Mas eles não sabem nada sobre as Apple Scruffs / Vocês estão aí há anos / Vendo meus sorrisos e tocando minhas lágrimas / Faz tanto, tanto tempo / E eu sempre penso em vocês, minhas Apple Scruffs / Apple Scruffs, Apple Scruffs / Como eu amo vocês, como eu amo vocês”.
Lizzie explica o significado da homenagem. “As secretárias da Apple eram muito chiques, todas transadas, e a gente era muito criança e não tinha grana para se vestir daquele jeito. Era bem evidente que elas trabalhavam do lado de dentro e a gente ficava do lado de fora”, conta Lizzie. “Fã é sempre visto de uma forma meio pejorativa e essa música foi uma demonstração de muito carinho. Eles sempre foram muito fofos com a gente.”

Gotinha de Brasil
É interessante pensar que existe um pouco da Penha, onde eu nasci, no catálogo dos Beatles”, observa. “É uma gotinha de Brasil que está lá. Achei significativo termos ido para o espaço - os Beatles não foram sozinhos, eles levaram duas fãs.”

Bota fã nisso: só de Lennon, o seu favorito, Lizzie possui 16 autógrafos. “Fui criticada por certos fãs por ter vendido algumas coisas da minha coleção, mas prefiro me lembrar do momento.” Para Lizzie, a separação do grupo, alguns anos depois, não surpreendeu. “O clima entre eles foi piorando até a dissolução, mas eu ainda peguei uma grande fase, em que eles estavam muito juntos. Depois a gente começou a perceber algo diferente, era óbvio. Eles passaram a não ir mais juntos ao estúdio, a gravar separados, o clima mudou. Todo mundo estava casado, com filho, a vida muda. Foi uma conjunção de fatores. Acabou sendo positivo, porque eles terminaram no auge.” Boa parte das memórias de Lizzie Bravo devem sair em um livro, ainda sem data de lançamento, com mais de 100 fotos inéditas e trechos de seus diários de adolescente. “São coisas muito singelas mesmo, de meninas e seus ídolos. Quando olho para as fotos, penso que elas não são só minhas.”

Ouça aqui a canção "Across The Universe" onde percebe-se claramente nos backings vocals, o belissimo agudo de Lizzie Bravo.







Texto de abertura: Boterock\Fonte: G1\Fotos Pesquisa Google.

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