Lizzie Bravo fez backing vocals na faixa 'Across the universe', de 68. Carioca dava plantão na porta de Abbey Road e pretende lançar livro.
Lizzie Bravo, 58, foi retratada como “a esperança de óculos” na canção “Casa no campo”, famosa na voz de Elis Regina, e já trabalhou com grandes nomes da música brasileira, como Milton Nascimento, Zé Ramalho e Joyce. Mas, talvez, a sua maior façanha tenha sido a de dividir o microfone com John Lennon e Paul McCartney na gravação de “Across the universe”, quando tinha apenas 16 anos, nos lendários estúdios da EMI em Abbey Road, Londres.
A faixa foi incluída na coletânea “No one’s gonna change our world”, no álbum “Rarities” e no segundo volume do disco “Past Masters”, dos Beatles -- outra versão da música aparece no álbum "Let it be", lançado em 1970. Em 4 de fevereiro de 2008, exatamente 40 anos depois, a Nasa lançou a música ao espaço, pela primeira vez na história.
A então adolescente carioca não imaginava o quanto a sua vida mudaria depois de uma sessão do filme “A hard day’s night – Os reis do iê iê iê”. Ao sair do cinema, ela já estava contaminada pela beatlemania. Com “Help!”, segundo longa estrelado pelos Beatles, não foi diferente. Em vez de se contentar com as fotos dos Fab Four nas páginas das revistas, a garota pediu aos pais uma viagem de presente de 15 anos e foi para Londres em fevereiro de 1967, sabendo que não voltaria tão cedo.
“As pessoas até hoje não acreditam que você podia chegar perto deles”, conta Lizzie, que fazia parte de um grupo de fãs que frequentavam diariamente a porta do estúdio da EMI em Abbey Road - cenário que acabou eternizado na capa do álbum homônimo e derradeiro dos Beatles, lançado há 40 anos, em 26 de setembro de 1969.
“A gente batia papo, às vezes uns mais longos que os outros. O Paul um dia me perguntou: ‘como é que você pode ser do Brasil se você tem um sotaque de Oxford?’ Eu só tinha amigos ingleses lá.”
A faixa foi incluída na coletânea “No one’s gonna change our world”, no álbum “Rarities” e no segundo volume do disco “Past Masters”, dos Beatles -- outra versão da música aparece no álbum "Let it be", lançado em 1970. Em 4 de fevereiro de 2008, exatamente 40 anos depois, a Nasa lançou a música ao espaço, pela primeira vez na história.
A então adolescente carioca não imaginava o quanto a sua vida mudaria depois de uma sessão do filme “A hard day’s night – Os reis do iê iê iê”. Ao sair do cinema, ela já estava contaminada pela beatlemania. Com “Help!”, segundo longa estrelado pelos Beatles, não foi diferente. Em vez de se contentar com as fotos dos Fab Four nas páginas das revistas, a garota pediu aos pais uma viagem de presente de 15 anos e foi para Londres em fevereiro de 1967, sabendo que não voltaria tão cedo.
“As pessoas até hoje não acreditam que você podia chegar perto deles”, conta Lizzie, que fazia parte de um grupo de fãs que frequentavam diariamente a porta do estúdio da EMI em Abbey Road - cenário que acabou eternizado na capa do álbum homônimo e derradeiro dos Beatles, lançado há 40 anos, em 26 de setembro de 1969.
“A gente batia papo, às vezes uns mais longos que os outros. O Paul um dia me perguntou: ‘como é que você pode ser do Brasil se você tem um sotaque de Oxford?’ Eu só tinha amigos ingleses lá.”
Procura-se um agudo
Hoje, Lizzie lembra detalhes de quando McCartney reparou que ela tinha cortado o cabelo, ou quando começou a usar óculos iguais aos de John. “Era um convívio diário”, diz. A relação foi sendo construída à base de bom comportamento até que, em fevereiro de 1968, Lizzie e as amigas estavam esperando na entrada dos estúdios no momento em que Paul saiu da sala e perguntou se alguém ali conseguiria sustentar uma nota aguda. A jovem, que sempre havia cantado no coral do colégio, se candidatou, levando com ela a inglesa Gayleen Pease. No estúdio estavam os quatro Beatles, o produtor George Martin, Mal Evans, Neil Aspinal, além do técnico de som e seu ajudante. Eles precisavam de uma voz aguda para um coro de “Across the universe”. “Foi bom nós sermos calmas, porque senão nem teríamos gravado, eles teriam mandado a gente embora do estúdio”, lembra Lizzie, que passou cerca de duas horas e meia ali e não recebeu nenhum pagamento pelo empréstimo da voz.
“Ficou um clima legal, foi gostoso. Não tirei a minha câmera da bolsa para fotografar, não pedi autógrafo, todas aquelas coisas que eu fazia no dia-a-dia, porque eu tive consciência de que aquele era um momento único. Eu estava participando de uma gravação com os quatro Beatles ao mesmo tempo, com todo mundo tocando ao vivo”, conta.
Uma das características do quarteto de Liverpool, segundo Lizzie, era o humor. “Eles faziam muitas brincadeiras, muitas piadas. Durante a gravação, de vez em quando alguém falava uma frase e todo mundo começava a tocar. Então aquela frase, por pior que fosse, de repente virava um rock”, lembra.
“Eu tinha 16 anos e fiquei desbundada, mas a ficha só caiu muito tempo depois. Eu cantei no mesmo microfone com o John Lennon, depois com o Paul McCartney", diz a fã, que trabalhou como arrumadeira de hotel, entre outras atividades, para se sustentar durante a temporada em que passou na capital inglesa. "Ter saído do Leme, onde eu morava, e ir para Londres cantar com um ídolo, é surreal. Quando ouvi a voz da gente na versão remasterizada [lançada pela EMI no último dia 9], fiquei toda arrepiada. Não ouço Beatles toda hora, mas quando escuto as músicas passa um filminho na cabeça.”
Hoje, Lizzie lembra detalhes de quando McCartney reparou que ela tinha cortado o cabelo, ou quando começou a usar óculos iguais aos de John. “Era um convívio diário”, diz. A relação foi sendo construída à base de bom comportamento até que, em fevereiro de 1968, Lizzie e as amigas estavam esperando na entrada dos estúdios no momento em que Paul saiu da sala e perguntou se alguém ali conseguiria sustentar uma nota aguda. A jovem, que sempre havia cantado no coral do colégio, se candidatou, levando com ela a inglesa Gayleen Pease. No estúdio estavam os quatro Beatles, o produtor George Martin, Mal Evans, Neil Aspinal, além do técnico de som e seu ajudante. Eles precisavam de uma voz aguda para um coro de “Across the universe”. “Foi bom nós sermos calmas, porque senão nem teríamos gravado, eles teriam mandado a gente embora do estúdio”, lembra Lizzie, que passou cerca de duas horas e meia ali e não recebeu nenhum pagamento pelo empréstimo da voz.
“Ficou um clima legal, foi gostoso. Não tirei a minha câmera da bolsa para fotografar, não pedi autógrafo, todas aquelas coisas que eu fazia no dia-a-dia, porque eu tive consciência de que aquele era um momento único. Eu estava participando de uma gravação com os quatro Beatles ao mesmo tempo, com todo mundo tocando ao vivo”, conta.
Uma das características do quarteto de Liverpool, segundo Lizzie, era o humor. “Eles faziam muitas brincadeiras, muitas piadas. Durante a gravação, de vez em quando alguém falava uma frase e todo mundo começava a tocar. Então aquela frase, por pior que fosse, de repente virava um rock”, lembra.
“Eu tinha 16 anos e fiquei desbundada, mas a ficha só caiu muito tempo depois. Eu cantei no mesmo microfone com o John Lennon, depois com o Paul McCartney", diz a fã, que trabalhou como arrumadeira de hotel, entre outras atividades, para se sustentar durante a temporada em que passou na capital inglesa. "Ter saído do Leme, onde eu morava, e ir para Londres cantar com um ídolo, é surreal. Quando ouvi a voz da gente na versão remasterizada [lançada pela EMI no último dia 9], fiquei toda arrepiada. Não ouço Beatles toda hora, mas quando escuto as músicas passa um filminho na cabeça.”
Fonte: G1
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