terça-feira, 6 de outubro de 2009

MEGADETH: A genialidade e os devaneios de Mustaine, ex-garoto complexado que hoje mais parece um discípulo de Maradona.

Um relato sincero e honesto, sobre esse gênio da guitarra, mais polêmico da atualidade, por Rafael Sartori

Antes de tudo, é bom deixar claro que amo o Megadeth e sou um grande fã de Dave Mustaine. Esta foi uma das primeiras bandas de Metal que ouvi e uma das que mais me impressionaram ao longo de todos esses anos. Adoro a forma como Dave Mustaine toca guitarra, compõe, sola e, acredite, até sua maneira de cantar. E sempre me incomodei com o fato de um gênio como ele (sim, o considero um gênio) perdia tempo e dava declarações infelizes a respeito de seu passado no Metallica. Ele conquistou respeito, fama e milhões de fãs ao redor do mundo, mas era só Lars Ulrich aparecer ou alguém mencionar o Metallica para que começasse a choramingar. De uns tempos para cá, no entanto, Dave Mustaine parou com isso. Teria sido ótimo se ele simplesmente tivesse ficado quieto, mas as coisas com ele costumam ser extremas. Isso significa que toda a autoestima que ele nunca teve durante sua carreira desabrochou de uma só vez. Some-se isso à necessidade de divulgar um novo álbum e à facilidade de se comunicar com os fãs pela internet, e pronto. Temos uma figura que mais parece um personagem forçado, refletindo um misto de delírio, arrogância e amnésia.Ainda não ouvi “Endgame”, pretendo fazê-lo em breve. Mas por melhor que o trabalho seja, todo mundo sabe que o ápice do Megadeth já passou há pelo menos 15 anos. Perto de se aposentar, Dave Mustaine deve ter feito muita terapia e se convenceu de que, sim, ele é um sujeito bem sucedido, mesmo tendo sido chutado do Metallica - como ele mesmo diz.O problema é que tal qual um Maradona em sua própria realidade, Mustaine tem atirado para todos os lados e anda bem insuportável. Pior ainda, faz um jogo de “bate-assopra” irritante. Ele diz, por exemplo, que ama o ex-baixista David Ellefson, pois já viveram muitas coisas juntos, e que perdoa o músico por tê-lo processado. E aí diz que ele aparece nos créditos das músicas porque era uma espécie de parasita, que não ajudava em nada e dava uma de esperto. “Isso sem falar que ele tentou destruir o Megadeth com a história do processo.”Sobre o ex-guitarrista Marty Friedman, não há nada para se falar, certo? Íntegro, sério, bondoso, brilhante, um músico excepcional, Friedman foi o grande responsável por fazer o Megadeth passar da segunda para a primeira divisão do Metal. Mustaine sabe disso, reconhece, em parte, a importância do guitarrista na história da banda, mas “Chris Broderick é provavelmente o dobro do guitarrista que Marty é”, afirmou. Broderick é quem toca hoje com Mustaine e, sem dúvida, é um ótimo guitarrista. Fazer uma afirmação dessa, no entanto, é no mínimo um desatino. Provavelmente Dave nunca ouviu nenhum álbum solo de Marty Friedman, nem os que saíram antes e nem os que saíram depois de quando ele tocou no Megadeth. Fora que Broderick acabou de entrar no grupo e Friedman, por sua vez, gravou 90% dos grandes clássicos. A frase, portanto, é ofensiva e injustificável.Para que ficar nessa discussão, porém, se o próprio Mustaine é o número 1? Bom, realmente saíram por ai algumas listas com os melhores guitarristas do Metal e ele foi colocado na primeira posição do pódio. Então, Mustaine pode jogar isso na cara de quem disser o contrário, mesmo que listas sejam coisas totalmente subjetivas. E ele vem jogando, acredite. Afinal, “uma pessoa teria que ser louca para não querer estar comigo. Eu possuo um negócio bem sucedido. A banda está melhor do que nunca”, disse.Provavelmente eu goste de “Endgame”, acredito que seja um ótimo álbum. Só não dá pra engolir essa história de que esse é o melhor momento do grupo, o clímax do Megadeth. Não é e nem vai ser. No máximo, o disco é uma despedida respeitável - ou quase, já que o músico afirmou que ainda precisa, por contrato, lançar mais um inédito.Achou uma porcaria? Então guarde essa opinião para você, pois “ é preciso ser muito imbecil pra dizer que o álbum é ruim. Só a habilidade dos músicos que tocam comigo é algo a ser apreciado e reverenciado”, decretou. Como se não bastasse, “Endgame” é a solução para a gigantesca crise do mercado fonográfico. “Acho que o álbum é exatamente o que a indústria musical precisa para recuperar as forças”, revelou. Para finalizar, disse que o disco é melhor que “Death Magnetic”, o mais recente do Metallica. Não vejo, infelizmente, muito mérito nisso.Continuo sendo fã do Megadeth, especialmente por tudo o que ele fez nas décadas de 80 e 90. Até “Risk”, de 1999, considero a discografia praticamente impecável. É uma chatice, no entanto, aguentar as falácias e os autoregozijos de Mustaine. Seria melhor se ele deixasse “Endgame” falar por si só e que cada um tirasse suas próprias conclusões - e claro, ficar quieto sobre todo o resto.Dave Mustaine, porém, vai bem mais longe do que isso. Ele está escrevendo sua biografia, intitulada “Hello Me... Meet the Real Me”. Tinha tudo para ser muito interessante. Levando em conta as atuais afirmações “maradonianas”, porém, já começo a ficar preocupado com o que pode vir por aí.


Fonte: Redação TDM

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