domingo, 4 de outubro de 2009

THE HEADS: Simplesmente guitarra, baixo e bateria se atacando o tempo todo, com boas doses de psicodelia e um dos vocais mais cool da história

Heads é simplesmente uma banda de rock and roll, que ataca suas composições com uma fúria impressionante. Se isso parece bom o suficiente pra você, vá na fé. Se não parece, pare de ler aqui mesmo e vá ouvir a música secular de Richard Clayderman.
Começar a falar do Heads não é fácil. Eu preciso fazer alguma coisa que seja digna da banda, e ao mesmo tempo teoricamente devo manter isso aqui didático o suficiente pra quem nunca ouviu falar da banda. Vamos tentar: O Heads é Simon Price (guitarra, teclado e vocal), Hugo Morgan (baixo), Wayne Maskell (bateria) e Paul Allen (guitarra, vocal). Até aonde essa formação mudou, eu sinceramente não sei. Pouco importa, na verdade. Buscar ser mais detalhado nesse tipo de coisa é contra a filosofia da banda. Lembro da primeira vez que tive contato com o debut da banda, Relaxing With The Heads (1996). Na época não curtia lá muito, puro preconceito tosco. Foi tacar esse disco que tudo passou. COMO não gostar disso? Guitarras monstruosas, uma bela cozinha, belos vocais e uma brutal psicodelia. Heads é simplesmente uma banda de rock and roll, que ataca suas composições com uma fúria impressionante. Se isso parece bom o suficiente pra você, vá na fé. Se não parece, pare de ler aqui mesmo e vá ouvir a música secular de Richard Clayderman. O Heads trascende um gênero ou uma cena. Eles são obscuros, mas isso não é parte do som deles. É, sim, parte da postura de pouco se importar de virar rockstar. Mas o som é diferente. Num mundo ideal, o álbum do Is This It, dos Strokes, teria passado despercebido e o Everybody Knows We Got Nowhere teria ganho o mundo. Mas talvez seja melhor do jeito que foi, mesmo custando algumas apresentações ao vivo. O mundo é mais equilibrado com esse tipo de música não chamando atenção. Na real, você consegue imaginar chegar num shopping e ver aqueles rejeitados do inferno se agrupando pra ouvir um Acid Mothers Temple? Ou aquele guri de camisa listrada comparando positivamente o Comets on Fire com Los Hermanos? Ou, melhor ainda, a Globo fazer reportagem sobre o 'novo rock' com Tivol, Monno e Orthrelm? Isso pode parecer irracional, mas quanto menos pessoas conhecerem o som, maior a chance de ele não ser imbecilizado. Eu lembro de ter visto uma foto de Marilyn Monroe lendo Ulysses que ilustra bem o que eu quero dizer. Pode até ser que ela entendesse, mas na real não interessa. É algo de uns felizes poucos que foi grosseiramente socializado numa imagem. Isso pode parecer meio elitista, meio bundão, mas eu tenho alguma razão. Quanto mais popular, maior o risco de se tornar banal, de ser discutido sem ser entendido. E essa é a diferença entre Strokes e Heads. Strokes não precisa ser entendido, você ouve e se ouvir bacana sai repetindo aquilo pra quem passar na frente. Heads não. Heads não pode ser discutido simplesmente porque o efeito da banda não pode ser posto em palavras, porque o sentido da banda não é facilmente analisável. Sim, eles simplesmente fazem rock and roll, mas até aonde isso é simples?E realmente o Heads não pode ser explicado. Claro que todo mundo tem um conceito do que é rock. Pra muitos, a tosquice poser do Jon Spencer é o rock. Pra outros, a grandiloquência épica de um Iron Maiden é o rock. Pra mim, o Heads é o rock and roll. Simplesmente guitarra, baixo e bateria se atacando o tempo todo, com boas doses de psicodelia e um dos vocais mais cool da história. E a consistência da banda é incrível também, é complicado querer dar destaque pra alguma obra, todas são igualmente essenciais. É no esquema do Tom Waits, se você gostar de um tem tudo pra gostar de todos. Se não gostar, bem, há sempre o Strokes. (Por Marcelo Shaw).
Obs: algumas palavras do texto original foram alteradas, tentando manter o mesmo significado, preservando a integridade textual, mas sem ofensas gratuitas.
Para conhecer o catalogo completo - Acesse: http://www.theheadsrock.com/outthere.html
Cinco perguntas para PAUL ALLEN, Guitarrista do The Heads - Por Nick Bensen. (2003).
1. Nick Bensen - Quais foram suas primeiras influências?
Paul Allen:R. - No início, foram provavelmente coisas como Loop, Spacemen 3, Stooges e Monster Magnet. Sei que metade da banda viu o Loop tocar ao vivo em 89-91, e eram incríveis, triturando psicodrones com várias luzes etc. O primeiro guitarrista do Heads era um pouco mais Hillage/Hendrix, então tinha uma mistura de sons. Nós lançamos a primeira versão de "Spliff Riff" com ele no single Sessions 1 e acho que ele estava esperando algum dinheiro, mas nós não ganhamos um centavo, então era improvável que ele ganhasse alguma coisa também.
2. Nick Bensen - Como você definiria The Heads?
Paul Allen:R. - Hard Psicodélico é uma categoria justa e ampla? Rock psicodélico eu acho, às vezes levemente stoner, às vezes um pouco punk. Algumas das músicas que foram rejeitadas nos colocariam num patamar um pouco diferente ou talvez numa merda. Tenho algumas músicas que nunca foram lançadas e Hugo tem uma linha de baixo funk que nunca usamos. Acho que não é tão psicodélico quanto deveria ser, quero fazer músicas surpreendentes mas com um riff decente. As mudanças musicais em cada disco são leves devido ao que estamos escutando e quanto custa para a gente entrar no estúdio. É engraçado como ninguém admite ser um stoner rock, mas acho que nós não somos. Fomos uma vez descritos como stoner rocks mais leves, mas isso nos faz parecer o Foreigner em oposição ao Led Zeppelin, em termos de rock. O stoner rock tem um som bem suave e nós somos muito mais sujos do que isso.
3. Nick Bensen - Que tipo de efeitos você usam para criar camadas de guitarras tão pesadas e limpas?
Paul Allen: R. - Meu fuzz me dá aquela nuvem legal e espessa de som e você coloca um flanger ou um phaser e cria essas ondas grandes. É um pedal wah fuzz antigo, tirei o wah saddle porque estava atrapalhando. Simon tem um monte de pedais, nós geralmente os listamos nos LPs, e a lista está cada vez mais longa. Hugo tem um fuzz estranho que ele encontrou por aí e por sorte funcionava. Wayne tem um snare feito sob encomenda que emite ondas de rádio todo solstício de verão.
4, Nick Bensen - A arte dos discos combina com a música muito bem. Quem faz o design? Havia um plano para fazer os lançamentos parecerem edições de uma série?
Paul Allen: R. - Johnny O e Simon cuidaram da arte e o resto da banda opinava. A margem azul era a idéia para os tres lançamentos via Cargo. O próximo LP tem que parecer diferente – assim espero, nós não queremos nos repetir. Talvez venha numa caixa. Sei que algumas de nossas idéias antigas nunca verão a luz do dia, como 'Cockhenge', 'Smoulderin Boulders' ou 'A Riff Too Far'.
5. Nick Bensen - Qual o melhor disco do Heads para você?
Paul Allen: R. - O próximo.
Para tentar entender mais:
The Heads tem alguns dos riffs hard/psicóticos mais legais que já se ouviu. A principal satisfação do rock não é somente o prazer na culpa, já que a banda também faz músicas inteligentes que brincam com influências enciclopédicas. Suas inovações sonoras de guitarra altamente criativas podem ser fascinantes e grandiosas. O grupo de Bristol, Inglaterra, conta com Simon Price (guitarra/vocais), Paul Allen (guitarra/teclado), H.O. Morgan (baixo) e Wayne Maskell (bateria). Alguns pontos altos do catálogo do grupo incluem o atraente e psicótico épico Now Is The Time! e a coleção eclética e experimental Everybody Knows We Got Nowhere, na qual as canções e o instrumental são unidas com o inteligente uso de diálogos sampleados. Os lançamentos recentes do Heads são o disco Under-Sided, talvez o mais pesado e variado até agora, e o thrasher ao vivo At Last!. A faixa "Stodgy (Coke's Gone Flat)" do At Last! aparece no disco do Free City Further Adventures of the Telepathic Explorers. O Heads reina absoluto nas zonas pesadas
Virtual:
The Heads
(ouça “False Heavy”)
Fonte: Portal Rock Press

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