sábado, 31 de outubro de 2009

LED ZEPPELIN: Livro aborda a história da banda com uma narrativa rica em detalhes - Parte 2

Biografia da banda estará nas lojas de todo o país até o fim desta semana e conta a trajetória do grupo. Assinada pelo britânico Mick Wall, a publicação revela detalhes das orgias sexuais com fãs e o envolvimento de Jimmy Page com o ocultismo

Muito já se ouviu falar do Led Zeppelin nos bastidores, mas a biografia assinada pelo britânico Mick Wall, esmiuça de forma categorica cada fato ocorrido durante as turnês da banda, os requintes de detalhes impressionam pela rica e verrosimel narrativa, nas suas mais de 500 páginas. Vejam algumas fotos que fazem parte do livro e leiam a segunda parte dos trechos, extraida do "Quando os gigantes caminhavam sobre a terra".

Canhões! - capítulo 6

Depois de incitar o cão a fazer cunilíngua na garota colocando pedaços de bacon frito na vagina dela, Cole pôs Bonham, completamente bêbado, no lugar do cachorro. Cole depois diria ao escritor Stephen Davies: “Então, Bonzo estava lá transando com a mulher, e juro que ele me perguntou: ‘E aí, como estou?’ Eu disse que ele estava ótimo. Daí Grant entrou com uma lata enorme de baked beans e despejou-a em cima de Bonzo e da garota. Depois abriu uma garrafa de champanhe e despejou-a sobre os dois”. Essas diversões barulhentas são típicas de músicos de rock entediados com a estrada e longe de casa. Enquanto um Bonzo nu era coberto por feijão frio, Jimmy Page estava em seu quarto sendo fotografado enquanto outra groupie famosa, a GTO Miss Cinderella, fingia comer vísceras espalhadas sobre seu corpo. Anos depois, entretanto, a lembrança desses incidentes acrescentaria várias camadas ao mito Led Zeppelin. Na verdade, Elvis e os Beatles tinham feito coisas bem piores muito tempo antes de o Led desembarcar nos EUA. Em meados dos anos 1950, muito antes da chamada revolução sexual, um membro da máfia de Memphis, Lamar Fike, disse à Mojo: “Elvis via mais bundas do que o assento da privada. Seis garotas no quarto de cada vez... quando saíamos era preciso chamar a Guarda Nacional para limpar o lugar”. Ou, como contou depois John Lennon a Jann Wenner, a respeito das aventuras dos Beatles na estrada: “Pense em Satíricon [filme de Fellini]. Onde quer que estivéssemos, havia sempre alguma coisa acontecendo. Os quartos dos hotéis estavam constantemente cheios de malucos e putas e sabe lá mais o quê”.

Mesmo que o público continuasse a ignorar esses absurdos, a fantasia do astro de rock vivendo uma vida de abandono hedonista como se fosse algo a que tinha direito já se firmara; ideia fortalecida por imagens provocativas como a de um quarto cheio de mulheres nuas na foto da capa do álbum de Hendrix, Electric Ladyland, ou a famosa foto da bacanal dos Stones tirada por Michael Joseph para a o álbum Beggars Banquet, ambos lançados no final de 1968. O público que agora comprava os álbuns não era nada inocente e assistia a filmes como Blow Out, Easy Rider e, depois, Performance, Woodstock, Zabriskie Point, e até os filmes dos últimos dias dos Beatles, como Yellow Submarine, bastante influenciado pelo ácido, e Let It Be, com sua ambientação querefletia claramente a nova consciência de sexo e drogas, evidente em todos os aspectos da experiência do rock nos anos 1960. As GTOs eram uma meia dúzia de groupies amigas que ficaram famosas com o patrocínio de Frank Zappa, que teve a ideia de transformá- las em um grupo de verdade que gravaria para seu próprio selo independente, apropriadamente chamado Bizarre Records. Havia Miss Cinderella, Miss Christine, Miss Pamela, Miss Mercy e Miss Lucy (mais, em épocas diferentes, Miss Sandra e/ou Sparky). Elas apareceram no palco em vários shows do Mothers of Invention como dançarinas e/ou vocalistas de fundo. Como lembraria depois Alice Cooper, outro músico notável do selo de Zappa, em sua autobiografia Me, Alice: “As GTOs eram mais um evento de mídia do que de música. As pessoas só se divertiam com elas. Era uma viagem estar com elas...”
Até um libertino desavergonhado como Cole reconhecia que as groupies desempenhavam um papel importante para o bem-estar das bandas que trabalhavam nos Estados Unidos no final dos anos 1960. “Acho que você nunca encontrará um músico inglês que fale mal dessas garotas chamadas de groupies, porque não eram vadias ou prostitutas ou algo assim. Elas livraram minha cara muitas vezes, porque não é fácil lidar com moleques de 20 anos que estão longe de casa. Essas garotas tomavam conta deles e eram como uma segunda casa. Você podia confiar nelas. Não te roubavam.” Não era só em Los Angeles ou Nova York que as tribos se reuniam. “Havia algumas delas”, Plant lembra com um sorriso. “Miss Murphy, The Butter Queen, Little Rock Connie, do Arkansas. Algumas ainda estão por aí – mas agora são professoras e advogadas.” Não havia groupie mais famosa em Los Angeles, em 1969, do que a bela GTO Pamela Ann Miller, conhecida como Miss Pamela ou Pamela Des Barres (como passou a se chamar em meados dos anos 1970 depois de se casar com o cantor de rock Michael Des Barres). Miss P, como também era conhecida, cuidava da turma de Zappa, fazia blusas para seus namorados e, como ela disse, “era romântica demais para uma noite apenas”. Se estivesse com você, era “para toda a turnê – pelo menos localmente”. Lembrada por Alice Cooper como “uma garota de sorriso aberto parecida com Ginger Rogers”, tinha o cabelo loiro, um sorriso infantile muitas sardas; Miss Pamela era a epítome da California girl cantada pelos Beach Boys. Apesar de estar com apenas 20 anos, já tinha uma longa história de envolvimento com estrelas do rock antes de conhecer Jimmy Page, incluindo Darryl De Loach, cantor do Iron Butterfly, Jim Morrison, Noel Redding, do Jimi Hendrix Experience, Chris Hillman, dos Byrds, e o ator/cantor Brandon de Wilde. Ela também já estivera com o Jeff Beck Group. Quando o Led voltou a Los Angeles para se apresentar novamente no Whisky A Go Go em 29 de abril, Miss Pamela estava lá. Ela depois lembrou como sua amiga e groupie de Chicago, Cynthia Plaster Caster (das Plastercasters of Chicago, grupo famoso por moldar os pênis dos astros do rock em gesso), a avisou de que “a música era fantástica, mas eles eram realmente perigosos, seria melhor ficar longe deles”. Mas ela foi de qualquer jeito, com a GTO Miss Mercy. Page parecia frágil e indefeso, ela pensou, “como Sarah Bernhardt”, e ela se sentiu instantaneamente atraída pela postura “tímida, quase feminina” do guitarrista; em seu livro de memórias, I’m With the Band, ela se lembra de Page usando um terno de veludo rosa no palco, “seus longos cachos pretos empapados de suor... No final da música ele caiu no chão e saiu carregado por dois roadies...”

Depois do show houve uma festa no Thee Charming Experience, onde Miss Pamela avistou o Led “enchendo a cara na mesa mais escura do fundo”. Ela se sentiu “muito orgulhosa por não os conhecer” ao ver Richard Cole “carregando uma garota de cabeça para baixo, os saltos flutuando no ar, a calça girando em torno do tornozelo. A cara dele estava enfiada na virilha da moça e ela estava agarrada aos joelhos dele, a boca aberta num grito que ninguém conseguia ouvir. Era difícil dizer se ela estava gostando ou vivendo um pesadelo. Alguém mais estava mandando ver bem ali na mesa”. Mas ela não conseguia tirar os olhos de Jimmy, que “estava sentado à parte, observando a cena como se a tivesse imaginado: supervisor, criador, incrivelmente bonito”. Atônita, ela sumiu dali, apesar de estar com as “coxas grudentas”. Mas tinha sido notada, e, quando a banda voltou para Los Angeles, Page mandou seu farejador, Cole, atrás dela... Embora o grupo não pudesse ser responsabilizado pelas coisas estranhas ou perturbadoras que aconteciam com eles quando estavam na estrada (por exemplo, quando chegaram certa manhã a Detroit, depois de ter passado a noite em um avião, deram com um corpo sendo retirado em uma maca, enquanto no chão do lobby uma grande mancha de sangue marcava o lugar em que a vítima havia sido baleada), eles certamente adoravam o caos que a sua simples presença parecia causar aonde quer que fossem. Foi também em Detroit que a jornalista da revista Life, Ellen Sander, se juntou à turnê. Sander queria cobrir o The Who, que também estava em turnê pelos Estados Unidos naquele verão, mas não deu certo e acabaram inventando uma matéria sobre oLed Zeppelin para entrar no lugar. Era sua primeira matéria para a Life, e ela estava ansiosa, apesar de um pouco decepcionada por não estar cobrindo o The Who, banda bem mais famosa na época. Observando seu entusiasmo, Cole imediatamente organizou uma aposta para ver quem seria o primeiro a transar com ela. De sua parte, Sander iria caracterizá-los com precisão. Page era “etéreo, efeminado, pálido e frágil”. Plant era “bonito de uma forma grosseiramente obscena”. Bonzo “tocava a bateria com fúria, quase sempre sem camisa e suando, como um gorila enfurecido”. Jones era o que “unia as coisas e ficava nas sombras”. Ela concluiu que a banda “tinha o fogo e a habilidade musical a seu favor e muito incentivo; dessa vez, em sua segunda turnê, desde o início eles já eram quase estrelas”. Sander passoua maior parte do tempo com Page, não dormindo com ele como o grosseiro Cole havia previsto, mas interrogando-o constantemente a respeito dos abusos que ela havia observado na relação dele com as groupies. Ela cita Page: “As garotas aparecem e posam de starlets, provocando e agindo de maneira arrogante. Se você as humilha um pouco, costumam voltar numa boa. Todo mundo sabe para o que elas vieram”.

No final da turnê, quando foi até o camarim para se despedir, ela disse: “Dois membros do grupo me atacaram, rindo e agarrando minhas roupas, totalmente descontrolados”. Bonzo se aproximou primeiro, Sander disse, seguido por “algumas... todas aquelas mãos em cima de mim, aqueles caras grandes”. Incapaz de identificar alguém no meio da confusão, ela não tem certeza se foram mesmo os membros da banda ou os roadies. Apavorada, achando que seria estuprada, Sander diz: “Lutei até ser salva por Peter Grant, mas não antes de eles conseguirem rasgar meu vestido nas costas”. Furiosa com aquela agressão, Sander se vingou recusando-se a fazer a matéria para a Life, negando à banda o que poderia ter sido uma publicidade importante em grande escala,algo que os Stones teriam depois. Mas ela expressou seus sentimentos em um livro que escreveu depois, Trips, onde concluiu: “Se você entra nas jaulas do zoológico, consegue ver os animais bem de perto, passar a mão no pelo e sentir a energia por trás da mística. Também sente o cheiro de merda bem de perto”.

SERVIÇO

Led Zeppelin – Quando os gigantes caminhavam sobre a Terra

Autor: Mick Wall

Editora: Larousse do Brasil

Págs: 550

Preço: R$ 99

Tradução: Elvira Serapicos

Fonte e Fotos: R7

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