sábado, 9 de maio de 2009

BoteRock News:

LP resiste e deve voltar a ser fabricado no Brasil

Por Maria Carolina Maia

Primeiro veio a fita cassete, menor e mais fácil de arquivar; depois, o CD num pulo tecnológico que conquistou o mercado; por fim, o MP3, novidade acompanhada pelos downloads ilegais, que causaram muita dor de cabeça para as gravadoras. Ainda hoje, contudo, o disco de vinil sobrevive, mesmo que movimentando cifras modestas. Sua longevidade se deve a um grupo de fãs fiéis - que agora recebem uma boa notícia.


A PolySom, única fábrica de LPs da América do Sul, fechada em outubro de 2007, pode voltar a prensar bolachões já no primeiro semestre de 2009. O negócio está sendo reativado pelo empresário João Augusto, dono da gravadora independente Deckdisc."Estamos levantando as documentações e licenças necessárias para a aquisição propriamente dita e a consequente reativação da gravadora", afirmou o empresário em entrevista a VEJA.com. João Augusto não espera lucro com o negócio, mas crê que exista uma demanda suficiente para manter a fábrica. "No exterior, os índices de crescimento anual do mercado de vinis são superiores a 50% e, por aqui, isso deverá se repetir. Além da própria Deckdisc, há vários selos e artistas querendo lançar projetos em vinil. A fila já é grande", garante ele.Rodrigo Ratto, diretor de vendas da Universal Music, concorda. "Já fomos clientes da PolySom e podemos voltar a ser."


Conforme ele, a reabertura da fábrica seria capaz de estimular o mercado de discos de vinil, uma vez que reduziria o preço do produto nas lojas. Hoje, quando quer lançar LPs, a Universal precisa importar, o que eleva o custo para a gravadora e para o consumidor final. Labiata, o último álbum de Lenine, é vendido por cerca de 160 reais na versão em vinil. "O disco veio dos Estados Unidos para Manaus e de Manaus para São Paulo, processo que encareceu a mercadoria devido ao transporte e aos impostos", explica. Com o preço salgado, as vendas não empolgam: das cerca de 1.000 unidades prensadas, foram vendidas 400 desde outubro. A maior procura, naturalmente, é pela versão em CD, que custa cerca de 20 reais.Cautela - Antes mesmo da crise econômica lançar nas alturas o preço do dólar - quando, portanto, a moeda americana ainda estava relativamente barata para os brasileiros -, uma encomenda de 300 vinis não saía por menos de 25 reais a unidade, de acordo com João Augusto (na foto ao lado). O empresário promete valores melhores com a nova PolySom. "Estamos trabalhando arduamente para baixar o custo de fabricação e assim criar uma corrente de preços mais em conta." Outro fator que interfere no valor do LP é o volume da encomenda. Portanto, se a demanda crescer, como apostam Ratto e João Augusto, o custo para o consumidor final deve cair ainda mais.Apesar da sobrevivência do formato, as gravadoras sabem que o vinil não voltará a ser um estouro de vendas. Isso explica a cautela da Universal e da Sony BMG, outra gravadora com planos de lançar álbuns em LP, em investir mais no formato. O último dado oficial da Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD) sobre a comercialização de LPs no país é de 1996, ano em que as vendas totalizaram 1,6 milhão de unidades. O mercado já estava tão tomado pelo CD que a entidade desistiu de acompanhar as vendas de discos de vinil.Colecionadores - Embora pequena, a demanda ainda existe. Representantes do mercado de usados, a rede Sebo do Messias e a loja Baratos Afins, ambas de São Paulo, vendem entre 500 e 1.000 e de 200 a 300 LPs por mês, respectivamente. "Nos meses em que vêm colecionadores estrangeiros, a procura é maior", diz Vitória Eugênia Calanca, proprietária da Baratos Afins. "É gente do Japão, da Suécia, da Itália, da Alemanha, em busca de MPB, bossa-nova e rock." Para Ratto, o público consumidor brasileiro pode se avolumar, inspirado pela moda em torno do vinil hoje em voga na Europa e nos EUA. Especialmente porque várias lojas, como Saraiva, Fnac e Livraria Cultura, têm se mostrado receptivas ao novo velho produto."Pelo que sei, o faturamento ainda é muito pequeno, mas o vinil funciona como um valor agregado para a loja, que mostra ao público como está antenada com as tendências do mercado", diz o executivo da Universal. Sobre a retomada da produção no país, Ratto explica: "Com a nova fábrica da PolySom, a tendência é que os novos artistas lancem seus álbuns nos três formatos: CD, vinil e DVD".


O músico Charles Gavin, dos Titãs, organizador do livro 300 Discos Importantes da Música Brasileira, é da mesma opinião. "Muitos discos estão sendo lançados em plataforma digital, em CD e em vinil. O LP é um formato que se soma aos outros, porque propõe uma atitude diferente. Não é algo que você pode carregar pela rua e ouvir no seu iPod. Você precisa estar em casa e escutar com calma."Tendência - João Augusto faz uma avaliação semelhante. "A primeira coisa que aprendi na minha profissão é que há comprador para tudo. Vinil é a antítese do CD e do MP3 no quesito qualidade sonora, e quem gosta dessa distinção está ávido por novos lançamentos em LP." Vale lembrar que, nos Estados Unidos, a venda de vinis cresceu 89% em 2008. No último ano, cerca de 1,8 milhão de LPs foram vendidos nos EUA. Em 2007, este número foi de 990.000. O valor é ainda mais surpreendente se comparado à venda total de discos, que soma todos os formatos, como CD, downloads e ringtone. O recorde anterior de vendas de vinis nos EUA havia sido registrado em 2000, com 1,5 milhão de LPs vendidos.


Fonte: veja.abril.com.br

Todas as fotos, "exceto" com Charles Gavin, fonte: Whiplash

2 comentários:

Anônimo disse...

Exitem aqueles, que pensam que a "volta" do vinil é uma moda. Ledo engano.
Em países sérios da América do Norte, Europa e Ásia, o vinil nunca parou de ser produzido, nem a produção de novos toca discos e cápsulas fonográficas.
O estado letárgico reinou apenas na América Latina e, em especial, aqui no bananal.
para que o mercado nacional volte a crescer, será necessário que as gravadoras disponibilizem uma vasta variedade de títulos, prensados à partir das tapes originais - e não de Cds, pois que manja da coisa, percebe no ato - e com matéria prima de qualidade, além de mão de obra capacitada.

E mesmo assim, fica a pergunta:

Quem fabricará toca discos, como os que temos lá fora, que chegam por aqui, a preços extremamente proibitivos? E as cápsulas e agulhas? E os demais acessórios?

Compro-os todos de fora, inclusive os LPs (Japoneses, de preferencia).

Essa volta, pregada por muitos, ainda irá demorar muito para acontecer...

mas torço para que efetivamente aconteça.

Abs.

Fabio.

Pra tocar

Anônimo disse...

Exitem aqueles, que pensam que a "volta" do vinil é uma moda. Ledo engano.
Em países sérios da América do Norte, Europa e Ásia, o vinil nunca parou de ser produzido, nem a produção de novos toca discos e cápsulas fonográficas.
O estado letárgico reinou apenas na América Latina e, em especial, aqui no bananal.
para que o mercado nacional volte a crescer, será necessário que as gravadoras disponibilizem uma vasta variedade de títulos, prensados à partir das tapes originais - e não de Cds, pois que manja da coisa, percebe no ato - e com matéria prima de qualidade, além de mão de obra capacitada.

E mesmo assim, fica a pergunta:

Quem fabricará toca discos, como os que temos lá fora, que chegam por aqui, a preços extremamente proibitivos? E as cápsulas e agulhas? E os demais acessórios?

Compro-os todos de fora, inclusive os LPs (Japoneses, de preferencia).

Essa volta, pregada por muitos, ainda irá demorar muito para acontecer...

mas torço para que efetivamente aconteça.

Abs.

Fabio.

Pra tocar