O guitarrista Vinnie Moore esteve no Brasil recentemente, quando se apresentou com o UFO em quatro capitais - foi a primeira vez que a banda fez shows por aqui. Foi também a primeira vez que Vinnie Moore visitou nosso país. Na passagem por São Paulo, o site Rock OnLine conversou com o músico que falou sobre as diferenças entre ter um projeto solo e estar numa banda, sobre sua forma de compor e ainda sobre videogames. O Boteko selecionou alguns trechos desta entrevista, e disponibiliza abaixo:
* Perguntas de Eduardo Guimarães e Rodrigo Duarte. Entrevista conduzida por Rodrigo Duarte. Tradução de Rafael Sartori.
Você é conhecido mundialmente por ser um artista solo, mesmo já tendo tocado com grandes artistas como Alice Cooper, por exemplo. Quais as principais diferenças entre isso e tocar com o UFO? Há alguma preferência?
Vinnie Moore: Bem, eu irei responder essa pergunta nisso... Você está falando sobre tocar sozinho versus tocar em uma banda?
Sim
VM: Acho que na carreira solo eu obviamente posso explorar territórios musicais diferentes, tenho um leque maior de estilos. Já quando se toca em uma banda como o UFO, é mais Rock e musicalmente menos flexível.
Mais limitado?
VM: Não diria limitado. Mas tocar músicas instrumentais me permitem explorar e ir para onde eu quiser, sem regras. Os fãs do UFO esperam um certo tipo de coisa e os membros da banda também, pois eles já tem um estilo. Então, quando toco com eles, eu uso mais minhas influências que vem do Rock. Não posso introduzir coisas de Fusion, que eu gosto, pois não se encaixariam. Nós nunca tentamos usar coisas que não se encaixam com o estilo da banda. Tentamos sempre usar o que é certo para as músicas e para o estilo da banda.
Como você foi convidado para entrar no UFO?
VM: Temos um amigo em comum. Eu sabia que eles estavam procurando um guitarrista e ele me sugeriu, me recomendou a eles. E acabei mandando um CD com 11 músicas minhas para o Phil Mogg. Ele ouviu, gostou e recebi uma ligação 10 dias depois dizendo “Phil gostaria de ter você na banda, ele realmente gostou do seu material”
Você havia me contado que eles te convidaram também pelo seu lado compositor..
VM: Certo. Eles não estavam procurando apenas por alguém que fosse um bom guitarrista. Eles precisavam de alguém que criasse e que contribuísse para a banda.
No processo de composição?
VM: Sim, e eles sabiam que eu fiz meus próprios discos e então eles pensaram “esse cara sabe compor e sabe tocar” e isso era o que eles estavam precisando.
Como você encara o fato de estar preenchendo uma vaga que já foi de Michael Schenker e também com a expectativa dos fãs?
VM: Eu apenas toco e não presto muita atenção nesse tipo de coisa. Eu faço meu trabalho, escrevo e toco para a banda e não penso muito nessas coisas. Em relação às músicas mais antigas, quando eu as toco ao vivo, eu fui muito influenciado por muitas delas, eu tinhas os discos quando era criança. Algumas dessas músicas têm partes que você precisa tocar como foram gravadas, elas precisam estar lá. Outras vezes, basta você captar a vibração e já é o suficiente. E também há momentos em que você pode fazer o que quiser e improvisar. O que eu tento fazer é sempre ser fiel ao clima das músicas.
E achar espaço para tocar seu próprio estilo...
VM: Sim, meu estilo acaba aparecendo naturalmente.
Muitas pessoas que não tocam são menos familiarizadas com música instrumental. Você pensa nelas quando compõe?
VM: Na verdade eu não penso em ninguém quando estou escrevendo um disco. Apenas sigo minha inspiração. Sei que isso pode parecer clichê, mas não importa. Eu gosto de sentir a música quando escrevo e não penso. Este pode ter sido um grande erro na minha carreira, o de nunca ter pensado se as pessoas iriam gostar ou não. Vou começar a fazer isso agora! [em tom de brincadeira] Não, você não pode escrever para agradar outra pessoa. Você precisa seguir seu próprio caminho e compor o que te faz se sentir bem. É isso o que eu faço.
Você fez uma turnê pela Europa e Aquiles Priester estava tocando com você. Como vocês se encontraram? Como o chamou para tocar com você?
VM: Temos um amigo em comum. Eu estava querendo fazer uma turnê desde o ano passado, mas não conseguia por falta de tempo. Tinha o Aquiles na memória, pois o empresário do UFO havia falado dele para mim. O Aquiles gravou uma de minhas canções, “The Maze”, em um vídeo e esta foi uma das primeiras vezes em que o vi tocar e fiquei bastante impressionado. Então guardei isso na lembrança. Quando fui fazer de fato uma turnê, por alguma razão achei que ele estivesse morando na Alemanha e eu estava montando uma banda na Europa...
Você achou que ele estivesse lá?
VM: Sim, e quando soube que ele havia voltado para o Brasil pensei “Uau, é um tanto quanto longe”. Mas no final conseguimos unir todo o pessoal.
Então ele foi lá apenas para tocar com você?
VM: Sim, ele voou para lá e ficou por quatro semanas. Mas originalmente eu ouvi sobre ele por meio do Peter, empresário do UFO, assim como Lars, o baixista. Eu já tinha feito uma turnê com o cara que canta e toca teclado.
Esta é sua primeira vez no Brasil, certo?
VM: Sim, primeira vez aqui
E como você tem sido tratado até o momento?
VM: Estou aqui há uma semana e tem sido incrível. Definitivamente voltarei para uma turnê solo e outras coisas.
Você tem a intenção de mostrar seu trabalho solo e fazer workshops?
VM: Eu já estou fazendo algumas clínicas durante essa semana. Vim para fazer quatro shows com o UFO e pensei, já que estou aqui, por que não ficar um pouco mais e fazer algumas clínicas e ver como eram as coisas por aqui. Até agora, a receptividade tem sido ótima. Há interesse em voltar com a banda para tocar meu material solo e eu adoraria fazer isso.
Esta é uma parte sua que acho admirável, pois muitos guitarristas vêem as clínicas como algo que eles precisam fazer, mas que não gostam. As pessoas aqui no Brasil na verdade gostam ainda mais quando uma pessoa vem aqui e diz a elas o que sabe...
VM: Quando criança eu tinha meus guitarristas favoritos, mas era impossível estar na mesma sala, fazer perguntas e falar com eles. Seria loucura eu pensar em fazer isso com Richie Blackmore.
Você acha que isso faria de você um guitarrista melhor?
VM: Não sei, pode ser. Não dá para responder isso com certeza.
Sei que você tocou para um comercial da Pepsi e foi algo enorme. Não era você quem aparecia no vídeo, mas eram suas mãos na guitarra. Foi uma escolha sua fazer esse tipo de trabalho?
VM: Não, apenas aconteceu. A produção foi a Los Angeles e estava buscando pessoas para o elenco. Eles queriam alguém que pudesse tocar guitarra e atuar no comercial, mas não acharam ninguém. Eles tentaram Eddie Van Halen, mas ele não estava interessado. Acho que falaram também com Steve Lukather, mas não funcionou. Então começaram a procurar guitarristas nas revistas especializadas e me viram na Guitar Player. Era a minha primeira coluna para a revista e eles leram sobre mim e acharam que eu tinha o perfil necessário. Então, entraram em contato comigo no fim da tarde e na manhã seguinte eu estava voando para Los Angeles para um teste. Foi tudo muito rápido.
Não sei você concorda comigo - mas esses games como Guitar Hero e Rock Band estão ajudando a trazer de volta o shredding e os solos. Algumas crianças que jogam, por exemplo, não conheciam Van Halen e agora sabem quem ele é por causa do videogame.
VM: Uns dois anos atrás uma criança da minha família começou a cantar algo do Black Sabbath, acho era do Black Sabbath, e eu perguntei “como você conhece isso?” “Guitar Hero”, então isso é bom.
Então você gostaria de estar em um jogo?
VM: Claro, toda a indústria da música é um jogo, não é? Brincandeira...
Para ler a entrevista completa acesse: RockOnLine Entrevista VM.
Fonte: ROL\Fotos: Recife - Almir Lopes.
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