sábado, 23 de fevereiro de 2013

MESSIAS ELÉTRICO: Entrevista com Fernando Coelho, baterista da banda.

O Boteko neste especial de sábado publica a entrevista cedida pelo baterista do Messias Elétrico Fernando Coelho ao Poeira Zine em dezembro passado, e a matéria completa da edição 39 do PZ. Conheça agora um pouco dessa excelente banda alagoana.

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pZ – Metade do Messias Elétrico veio do Mopho, que foi uma banda com boa repercussão na cena psicodélica brasileira. Musicalmente existe alguma relação entre as duas bandas?

Fernando Coelho: Para bom entendor do assunto, fica claro que o rock produzido nos anos 60 e 70 no Brasil e no mundo são influências comuns às duas bandas. Por outro lado, acredito que, assim como o Mopho, o Messias Elétrico tem influências mais contemporâneas diluídas ao longo das canções, inclusive de outros gêneros presentes no paladar musical de todos os integrantes.

pZ – O Messias Elétrico parece ser mais influenciado pelo rock pesado dos anos 70 de bandas como Purple, Zeppelin, Sabbath, UFO, Atomic Rooster, ao invés da psicodelia sessentista do Mopho… Era essa a ideia?

Fernando: Na verdade, ainda pretendemos adicionar mais doses de psicodelia no nosso som. A principio, nessas primeiras músicas, a sonoridade tentou mesclar o rock clássico das bandas citadas na pergunta com levadas mais groove, entre o funk e o soul, e convenções de rock progressivo. Já temos novas composições e elas flertam tanto com a psicodelia quanto com o rock contemporâneo.

pZ – Sacamos também uma forte influência dos Mutantes, principalmente da fase Tudo Foi Feito Pelo Sol e de outras bandas brasileiras como Som Nosso de Cada Dia e O Terço. Essa influência existe? Vocês curtem o rock progressivo nacional dos anos 70?

Fernando: Sem dúvida, o rock progressivo nacional dos anos 70 é uma influência. Principalmente por parte de Alessandro Aru e Pedro Ivo Araújo.
 
pZ- As quatro partes de “The Last Groove” demonstram que o Messias Elétrico faz um tipo de som que quase ninguém mais faz pelo Brasil. Fale um pouco sobre isso e sobre o processo de composição e gravação desse longo e incrível tema…

Fernando: Ficou longa, né? (risos). A música começou com o groove da parte cantada que, a princípio, teria uma levada mais reta, mais hard rock. Mas para não cair no lugar comum, resolvi injetar um groove híbrido entre Higher Ground, de Stevie Wonder, e Achilles Last Stand, do Led Zeppelin. A partir daí, durante os ensaios, fomos elaborando e desenvolvendo os arranjos das outras partes. Num determinado momento, pintou a ideia de uma introdução ao piano e Leonardo Luiz trouxe o tema que de imediato foi encaixado no arranjo. A levada final é outra tentativa de juntar rock progressivo e soul music. Como as partes são bem diferentes, dividimos com subtítulos. De certa, uma referência às suítes do rock progressivo. Rush, Yes e Focus são influências certas. A gravação da faixa e do disco foi feita no estúdio Concha Acústica em Maceió. Começamos com a bateria, que gravei em praticamente um dia, com no máximo um ou dois takes para cada música. The Last Groove foi gravada num único take. E aí, veio a ordem de praxe, com baixo, guitarra, teclados, solos e vocais na sequência.

pZ – Como está sendo a promoção do disco? Shows pelo Brasil devem rolar em breve?

Fernando: Estamos começando. Pela Baratos Afins, Luiz Calanca comanda uma frente de divulgação, enviando discos para jornalistas, sites e revistas e produtores espalhados por todo o Brasil. Daqui de Alagoas, iremos começar a atacar noutra frente na semana que vem. Queremos muito tocar pelo Brasil. Esperamos que o disco agrade e que os convites comecem a aparecer em breve. Nem é tão díficil contratar a gente (risos).

pZ – Aqui em São Paulo tem gente comparando a capa de vocês com a do disco Born Again do Black Sabbath. Foi intencional?

Fernando: De fato, tem muito em comum, mas a influência não foi essa. Em 2009, percorri a Noruega por 30 dias e me encantei com o País. Em Oslo, conheci o Vigeland Park e suas 212 esculturas que representam o ciclo da vida humana. A imagem da capa é de uma dessas estatuas. O Messias representa a chegada de uma nova vida. Como é o nosso primeiro disco, a imagem de uma criança raivosa diz muito sobre nós. Você pode conferir um pouco mais dessa história nesse video. http://www.youtube.com/watch?v=HJHJ6SRQgCs

pZ – O Pedro Ivo Araujo parece ser o mais jovem do grupo e mostra muito talento no disco. Como ele entrou na banda e como vocês o conheceram?

Fernando: Pedrinho é um talento nato, raro e um ser humano incrível e extramente maduro para a sua idade (23 anos). Na verdade, nós não “o descobrimos”. Pedro já atuava no cenário local, com destaque para a banda Canela Seca, que também tinha Alessandro Aru nan formação, e fazia um rock mais duro, sob influência de Made in Brazil e Casa das Máquinas. Ele também tem um projeto muito bacana chamado Necronomicom, com a guitarrista Lillian Lessa e o bateria Tiago Alef, com uma sonoridade cuja principal influência é o Black Sabbath dos três primeiros discos.

pZ– A produção fonográfica ficou a cargo do Luiz Calanca, da Baratos Afins. O Mopho já tinha saído pelo selo, certo? Isso facilitou as coisas?

Fernando: Isso foi uma honra pra nós. Ficamos emocionados e linsojeados quando Luiz Calanca ofereceu o convite. Pensa bem, uma banda iniciante, que ninguém conhece, sair logo na estreia sob o crivo de uma gravadora tão lendária e seminal para a história do rock brasileiro… não tinha como ser melhor.

Abaixo a matéria publicada na edição #39 da poeira Zine:

O primeiro fruto, o Messias Elétrico.

“Ficou longa, né? A música começou com o groove da parte cantada que, a princípio, teria uma levada mais reta, mais hard rock. Mas para não cair no lugar comum, resolvi injetar um groove híbrido entre ‘Higher Ground’, de Stevie Wonder, e ‘Achilles Last Stand’, do Led Zeppelin…” 
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Foto: O álbum no acervo do boteko,  31 minutos de
puro rock de altissima qualidade.
É assim que começa o nosso papo com o baterista Fernando Coelho, músico de Maceió, que da bela capital alagoana nos atende para falar um pouco de sua banda, o Messias Elétrico. Na declaração acima, Fernando comenta a faixa “The Last Groove”, uma suíte de doze minutos dividida em quatro partes.
“The Last Groove” ficou semanas tocando na vitrola da nossa redação e foi recebida com certa euforia. Seria a introdução no melhor estilo UFO dos bons tempos? Seria as frases inspiradas de guitarra de um jovem de 23 anos de idade chamado Pedro Ivo Araújo? Seria o timbre de baixo de Alessandro Mendonça ou os diversos timbres das teclas de Leonardo Luiz, dois ex-integrantes da banda psicodélica Mopho?
É tudo isso e mais um pouco. “A levada final é outra tentativa de juntar rock progressivo e soul music. Como as partes são bem diferentes, dividimos com subtítulos. De certa forma, uma referência às suítes do rock progressivo. Rush, Yes e Focus são influências certas. ‘The Last Groove’ foi gravada num único take,” continua Fernando.
Além dos sons dos gringos, o barato é que o Messias Elétrico sofre influências de bandas nacionais como Mutantes (principalmente da fase Tudo Foi Feito Pelo Sol), Som Nosso de Cada Dia, O Terço e Casa das Máquinas.
O primeiro disco do Messias Elétrico acaba de ser lançado pelo selo Baratos Afins, o que muito honrou o pessoal da banda, como afirma Fernando: “Isso foi uma honra pra nós. Ficamos emocionados e linsojeados quando Luiz Calanca ofereceu o convite. Pensa bem, uma banda iniciante, que ninguém conhece, sair logo na estreia sob o crivo de uma gravadora tão lendária e seminal para a história do rock brasileiro… Não tinha como ser melhor!”
Foi só o disco ficar pronto que as comparações já começaram, principalmente em relação à capa, similar a do disco Born Again, do Black Sabbath. Fernando comenta: “De fato, tem muito em comum, mas a influência não foi essa. Em 2009, percorri a Noruega por 30 dias e me encantei com o país. Em Oslo, conheci o Vigeland Park e suas 212 esculturas que representam o ciclo da vida humana. A imagem da capa é de uma dessas estátuas. O Messias representa a chegada de uma nova vida. Como é o nosso primeiro disco, a imagem de uma criança raivosa diz muito sobre nós.”
Apesar de lembrar muita coisa que nós da pZ adoramos, o Messias Elétrico tem personalidade própria e merece ser festejado como um dos nomes mais empolgantes da nova cena rock nacional.

O disco você encontra na loja Baratos Afins, pelo fone 11-3223-3629 ou pelo site www.baratosafins.com.br .
Em Maceió você encontra no Acervo do Rock, pelos fones: 82-8850-0616 e 9601-3895. 
 
 
 
 
Fotos: Facebook ME e Almir Lopes.

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