terça-feira, 26 de abril de 2011

U2: 360º Tour - São Paulo, 13 de Abril de 2011.

Depois de ler dezenas de resenhas, deixo aqui minha visão pessoal do show do U2 em sua última apresentação do dia 13 de abril último. Depois de assistir o show do Iron Maiden uma semana antes em Recife, com um público aproximado de 16 mil, e chegar ao arredores do Estádio do Morumbi, vi que não é nada fácil aglomerar 90 mil pessoas seja lá onde for, é uma verdadeira operação de "guerra" até mesmo o pessoal do suporte que estavam ali para informar não tinham as informações suficientes (embora o local estava bem sinalizado) depois procurar e encontrar a longa fila que se formou em torno do estádio para o acesso ao portão 2, as coisas foram se tornando mais fáceis. Depois das 15:35hs, os portões foram abertos e a longa fila andou rápido, e logo na entrada fiquei sabendo que todos estavam impedidos de entrar com qualquer tipo de bebida, e logo deu para perceber que  o desperdicio foi grande, principalmente de agua, antes da revista feita pela policia, eramos obrigados a largar qualquer liquido, garrafas (cheias) de todos os tipos se aglomeravam na rampa de entrada (viva o capitalismo).

Pink Floyd

Na rampa já dentro do estádio era impossivél não admirar toda a exuberancia da "Garra" montada quase na meio do campo do São Paulo Futebol Clube, depois de algumas fotos de praxe, e estar vendo ao vivo toda aquela parafernália, me veio uma dúvida, "será mesmo que é um show do U2, ou será um show do Pink Floyd?". É, foi essa sensação repentina que me veio, embora nunca tenha assistido um show da banda ao vivo, exceto por videos, pensei como seria ao invés do U2 com toda sua tecnologia, fosse estar ali David Gilmour, Roger Waters, Nick Manson e o já falecido Richard Wright, ali embaixo daquele estubendo palco. Com certeza seria deslumbrante também, já que os efeitos dos shows do U2 são dignos Pinkflodianos.
Mas a "alucinação" repentina se foi, a tarde foi caindo, e o sol que iluminava a belissima tarde foi indo, era indicios que a banda de abertura logo subiria ao palco.  A ansiedade tomava conta de todos, por mais que quisessemos ver Bono e Cia..também ficava o frenesi para ver todo aquele palco com seu telão grandioso em ação.
A banda MUSE deu seu recado com um show preciso e impolgante, escalados para abrir os shows para o U2 na turnê 360º, a banda que já tem 10 anos de estrada e já esteve no Brasil para um show próprio, faz muito sucesso na Europa e Estados Unidos, sendo considerados como a nova revelação do rock inglês, embora já tenham cinco discos de estúdio e um ao vivo lançados, o Muse se destacou no álbum "Black Holes and Revelations" de 2004, tornando-se os queridinhos de músicos como James Labrie (vocalista do Dream Theater) e do próprio U2.   
Depois da explosiva apresentação da banda Muse, e quase uma hora de espera, acompanhado por um imenso relógio no telão (que não marcava o horário real)  o último show da turnê 360º em São Paulo começou às 21h43 com "Even better than the real thing", do álbum "Achtung baby", de 1991, seguida por "I will follow", de "Boy", disco de estreia da banda, de 1980 - quando a banda ainda sofria nitidas influências da era Punk Rock. Na sequência de um intervalo entre uma música e outra em diversos momentos da noite, Bono tentou conversar em português com os fãs. Na primeira, por volta das 22h15, misturou a língua com o espanhol para saudar o público: "Todo bien? São Paulo não pode parar!", brincou, aproveitando para agradecer a companhia da banda de abertura Muse na etapa sul-americana da turnê.Bono também não economizou nos elogios aos brasileiros: "No Brasil, e na América do Sul, somos nós é que vimos aqui para escutar e ver vocês. Geralmente nós cantamos para o público. Mas, aqui, são vocês que cantam para gente. Geralmente nós fazemos um show para o público. Mas, aqui, são vocês que fazem um show para a gente." A retribuição veio logo na sequência, quando a banda emendou a faixa "I still haven't found what I'm looking for", que foi cantada em coro pelos fãs. 
Dez minutos mais tarde, o cantor irlandês chamou ao palco Seu Jorge - novamente enrolando a língua e se referindo ao músico carioca como "São Jorge". A dupla fez um dueto de voz e violão da música "The model", da banda alemã Kraftwerk. Diga-se de passagem, que dos 90 mil ali presentes, poucos entenderam alguma coisa, foi o tipo de supresa que só deixou perguntas - O que Seu Jorge fazia ali? ainda por cima cantando uma música dos pais da música eletrônica, os alemães do Kraftwerk?!  - Banda nascida nos primórdios dos anos 70, que tem em sua sonoridade elementos puramente sintetizados.

ONE 

 Os   shows    do   U2   desde   o mega    sucesso   do  quinto   álbum      "The    Joshua Tree"  levou a   banda     a incorporar  uma sonoridade própria,  dentro dos limites das estruturas estritas das músicas. O álbum é influenciado pela música americana e a sonoridade estética musicalmente incorporada  irlandesa,  também retrata o relacionamento da banda de amor e ódio com os Estados Unidos, com letras socialmente e políticamente conscientes embelezadas com imagens espirituais. O álbum também serviu para dar forma ao estilo único musicalmente criado pela banda, que até hoje serve como referência para designar toda uma geração da decada de 80. 
Toda essa enfâse dada ao U2 as suas composições, levou a banda para patamar que mistura momentos de protestos ou simplesmente  temas amorosos, em um caldeirão de pura emoção, levando até mesmo o mais frio dos fãs  presente a se emocionar, como na politicamente correta mensagem do Bispo Sul-Africano Desmond Tutu, que corre os quatros cantos do mundo exibida em uma tradução simultânea antes da banda cantar a música "One" - E diz assim:  "As mesmas pessoas que marcharam pelos direitos civis nos Estados Unidos são as mesmas pessoas que protestaram contra o apartheid na África do Sul, que são as mesmas pessoas que trabalharam para a paz na Irlanda, e são as mesmas pessoas que lutaram contra a escravidão por dívida no 'Jubileu' do ano 2000 , que são as mesmas pessoas bonitas que eu vejo quando olho em volta deste lugar hoje à noite em 360 graus. Nós somos aqueles povos. NÓS somos a mesma pessoa. Porque nossas vozes foram ouvidas por milhões de nossos irmãos e irmãs que estão vivos graças ao milagre dos remédios da AIDS e remédios contra a malária. Ahhhh! Eles serão os médicos, eles serão os enfermeiros, eles serão os cientistas que vão viver para resolver grandes problemas. Sim, há muitos obstáculos. Claro, sempre há bloqueios de estradas no caminho da justiça. Mas Deus vai colocar um vento na nossa volta e uma estrada que vai em frente, se trabalharmos com os outros como UM ... UM!".
O repertório do show teve ainda as faixas "In the name of love", "Beautiful day", "One", "Vertigo" e "Zooropa" - esta última já havia aparecido no domingo (10) e nunca tinha sido tocada na íntegra pela banda ao vivo, deixando a pláteia em extâse com o telão mostrando todo seu potencial, se expandido até o chão do palco, deixando os músicos encobertos pelas as luzes de led da engenhoca que custa a pagatela de 35 milhôes de Dolares. "Get on your boots" também apareceu, dedicada ao jogador Ronaldo. Na música dedicada a ativista  birmanesa Aung San Suu Kyi "Walk on" um momento de reflexão quando vários Paulistanos entram pelas passarelas laterais do palco segurando lenternas envolto em um cúpula de plástico, um momento simbolico e emocionante. Rumo ao final do show, antes de "Where the streets have no name", Bono tornou a arriscar-se no português, citando frase usada na propaganda do governo Lula - "Sou brasileiro e não desisto nunca". Logo em seguida, deu "boa noite, Brasil, adios, South America", e agradeceu ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, "por ceder o estádio" e "nos ajudar a trazer nosso sonho a vocês".
Ao final do espetáculo, de mais de duas horas, o vocalista Bono voltou a lembrar as crianças mortas no massacre da escola de Realengo, na semana passada. A homenagem, que já havia sido feita no primeiro show da turnê brasileira, quando os nomes das vitimas surgiu no imenso telão ao cantar "Moment of surrender", de "No line on the horizon", disco de 2009 que deu origem à turnê atual.
A apresentação encerrou às 23h54 com a trinca “Hold me, thrill me, kiss me, kill me”, "With or without you" e "Moments of surrender".
Voltando ao inicio do texto, foi quando eu percebi a diferença entre 16 mil pessoas (no Iron Maiden em Recife) e 90 mil do U2, saindo todos de uma só vez na Avenida em frente ao Estádio do Morumbi, que  por cerca de 30 minutos formou-se um verdadeiro engarrafamento humano.  No geral foi um show perfeito, um dia maravilhoso de verdade.


Texto e Fotos: Almir Lopes.
Fontes Informativas: G1 e humanzoomusic.blogspot.com
  
    

Um comentário:

Blog do Adriano disse...

Parabéns ao boteko do rock por mais uma cobertura fantástica!!!
Parábéns Almir!!!