Nascido em Nova York em 1956, Joe Satriani é de uma geração de virtuoses do
rock que fez fama nos anos 1980. Mas, ao contrário da maioria de seus colegas do
gênero, não desfrutou do sexo, drogas e rock‘n’roll. Trabalhou duro para
encontrar seu espaço.
Antes disso, ainda nos anos 1970, foi professor de guitarra de Steve Vai e
Kirk Hammet (Metallica), mas suas tentativas de formar uma banda de rock nunca
davam certo. O destino parecia empurrá-lo para a carreira solo. Em 1987, com o
lançamento do multiplatinado Surfing With the Alien, Satriani encontrou seu
público e descobriu um nicho até então inexplorado: o do rock instrumental.
Beatificado no círculo dos guitar heroes, sempre figurou entre os melhores,
desde então. Em 1996, criou o projeto G3, onde excursionava anualmente com
outros dois guitarristas e promovia jam sessions no palco. Pelo G3 passaram
nomes como Steve Vai (um habitué), Eric Johnson, Yngwie Malmsteen, John
Petrucci, Kenny Wayne Shepherd e Robert Fripp, entre outros.
Até que, em 2009, quando parecia já não haver mais nada para criar, Satriani
se reinventou mais uma vez. Chamado para integrar a superbanda Chickenfoot,
realizou aquele sonho que havia sido deixado para trás.
Em entrevista ao site Combate Rock, um amadurecido e focado Satriani, respondeu ao entrevistador Diogo Salles num agradável bate papo - reproduzido em parte - logo abaixo:
O primeiro álbum soou como uma grande jam session. Já o novo disco
soa como uma evolução. O que aconteceu nesses dois anos juntos?
Você tem um ponto interessante. Quando fizemos o primeiro disco, nós mal nos conhecíamos. Mike e Sammy tiveram uma longa história no Van Halen, mas Chad e eu nunca tínhamos tocado com eles antes. Nós tocamos juntos por dois meses na Cabo Wabo Cantina, então o primeiro álbum foi meio que um retrato de uma banda se formando.
Você tem um ponto interessante. Quando fizemos o primeiro disco, nós mal nos conhecíamos. Mike e Sammy tiveram uma longa história no Van Halen, mas Chad e eu nunca tínhamos tocado com eles antes. Nós tocamos juntos por dois meses na Cabo Wabo Cantina, então o primeiro álbum foi meio que um retrato de uma banda se formando.
Ao compor as músicas, eu estava atirando para todos os lados, pois eu não
tinha ideia de que tipo de som os caras queriam fazer. Mas ao avançarmos para
esse ano, nós não só tínhamos um disco debaixo do braço, como também tínhamos a
experiência de 70 shows em uma turnê.
Quando comecei a compor para esse novo álbum, em agosto de 2010, eu estava
desenhando toda essa experiência, dos talentos que vi em Chad, Mike e Sammy – e
até onde cada um poderia ir. Confiamos uns nos outros e quando um de nós dizia
‘alguma vez você já tentou isso?’, o outro respondia ‘não, mas vou tentar dessa
vez’.
Como artista solo você tinha de dominar todo o processo na composição
de um disco. Como é estar numa banda e dividir as
responsabilidades?
Ah, é bem mais tranquilo quando você não tem a obrigação de cuidar de cada
aspecto da gravação de um disco. Agendamentos, transporte, comida, horários
disponíveis. Como artista solo preciso pensar em cada detalhe, além do que vou
tocar e o que compus.
Em sua opinião, por que a figura do guitar hero perdeu sua relevância
no rock? Por que o virtuosismo não é mais tão valorizado como
antigamente?
Não sei dizer bem o ‘porquê’, mas não fiquei surpreso. Sou um estudioso da
história da música e percebi que tudo o que é recebido com entusiasmo por um
tempo acaba esfriando. Toda geração precisa de um novo som, novos ritmos. Isso
sempre foi assim e continuará sendo.
Desde o início de sua carreira você tentou montar uma banda, mas o
destino sempre o empurrou para a carreira solo. Aí apareceu o Chickenfoot. Seria
um sonho da juventude realizado?
Sim, claro. A musicalidade dessa banda é algo fantástico. Eu nunca imaginei
que a banda onde eu tocaria teria esses ingredientes, entende? Nós somos muito
diferentes uns dos outros. Não conseguiria imaginar o baixista do Van Halen e o
baterista do Chili Peppers na mesma banda. Para mim, isso soaria ridículo
(risos). E não vejo como eu poderia tocar na mesma banda do Sammy Hagar. Mas
quando nos conhecemos, tínhamos tantas conexões musicais que isso transpareceu
nos discos que fizemos. Compartilhamos muitas influências no blues, no R&B e
no rock dos primórdios. É aí que criamos nossa conexão musical. Ele é o rei do
party rock no palco e eu sou o oposto disso. Somos diferentes nos mais variados
níveis, mas no nível mais importante – que é o musical – somos muito
parecidos.
A inevitável pergunta: vocês planejam trazer a turnê do Chickenfoot
para a América do Sul dessa vez?
Sim, eu espero que sim. Tenho dito ao Sammy que ele precisa conhecer o Brasil
e a América do Sul…
Sammy é o único da banda que nunca esteve aqui.
Eu sei. E isso não faz absolutamente nenhum sentido! Vivo dizendo a ele como os fãs são incríveis e como ele vai amar o Brasil. Então eu coloquei isso como uma busca pessoal: levar Sammy Hagar à América do Sul.
Todos os créditos: Combate Rock.
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