domingo, 11 de janeiro de 2015

ROCK IN RIO: 30 ANOS DA PRIMEIRA EDIÇÃO.



O dia 11 de janeiro de 1985 pode ter começado como qualquer outro no Rio de Janeiro. Mas acabou diferente de tudo o que a cidade já tinha visto e ouvido. Naquela noite, começava a primeira edição do Rock in Rio, um festival montado cheio de pretensão, que tentava fazer algo inimaginável para o país na época: trazer nomes históricos do rock para tocarem seus clássicos no Brasil. O mais incrível é que tudo aconteceu. Queen, Iron Maiden, Rod Stewart, Yes, Whitesnake, AC/DC. Só alguns dos artistas inesquecíveis que trouxeram o seu som para o evento. 
Mas não foi nada fácil fazer o festival sair do papel. A ideia do empresário Roberto Medina esbarrou na recusa de 114 artistas. Com a convicção de que o Rock in Rio aconteceria, Medina viajou para os EUA para propor os shows a mais de cem nomes internacionais diferentes, e todos recusaram. Desiludido, ele ligou e contou tudo para um velho amigo seu, ninguém menos que Frank Sinatra. Por dentro da situação, o cantor convocou uma entrevista coletiva para anunciar o seu apoio ao evento. A declaração de Sinatra abriu portas, e logo grandes artistas já estavam confirmados.
Esperando um público gigantesco, a organização do evento usou um terreno de 250 mil metros quadrados para construir a Cidade do Rock no Rio de Janeiro. Muito mais do que espaço, o Rock in Rio teve uma estrutura invejável a qualquer outro festival internacional da época. Praticamente toda a plateia ficou iluminada pelas várias fontes de luz, algo inédito até então, e o sistema de som era um dos mais modernos que existiam.

Passando para a parte musical, os nomes fizeram jus ao slogan do evento: “o maior festival de rock de todos os tempos.” O primeiro dia teve quatro grandes artistas da música nacional em sequência, Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Pepeu Gomes e Baby Consuelo. Depois, o show do Whitesnake, que entrou de última hora depois do cancelamento do Def Leppard, e duas das apresentações mais marcantes da história do rock no Brasil: Iron Maiden e Queen.
Então fenômeno do metal britânico, o Iron mostrou o som pesado que faria da banda uma das mais lendárias do estilo e apresentou aos brasileiros toda a potência vocal de Bruce Dickinson. Já o Queen fez um show que seria destacado mais tarde pela própria banda como um dos melhores da carreira.
O segundo dia começou com mais artistas brasileiros - Ivan Lins, Elba Ramalho e Gilberto Gil -, para depois emplacar três nomes mais leves da música internacional, mas não menos incríveis. Al Jarreau levou seu jazz pop para o palco e abriu caminho para todos cantarem ao som do hitmaker James Taylor, um dos cantores de maior sucesso na década de 70, e do guitarrista George Benson.

James Taylor, aliás, tem uma história muito marcante com o festival. O cantor vivia um período difícil da carreira e considerava se aposentar. Porém, a recepção calorosa do público brasileiro surpreendeu tanto o músico que ele teve certeza que precisava seguir em frente. Depois ele até compôs uma música em homenagem ao evento: “Only a Dream in Rio”.
Seguindo para o terceiro dia, o Rock in Rio apresentou alguns dos maiores nomes brasileiros daquele momento: Paralamas do Sucesso, Lulu Santos e Blitz. Depois das aberturas, foi a vez do pós-punk de Nina Hagen, do quarteto feminino The Go-Go’s e do fenômeno pop Rod Stewart para encerrar a noite. Já no quarto dia, os segundos shows de James Taylor e George Benson, e os artistas históricos da música nacional Moraes Moreira e Alceu Valença.
Ainda faltavam seis dias de festival, e mesmo que muitas atrações se repetissem, vários nomes prometidos ainda eram esperados. No quinto dia, o Kid Abelha cumpriu bem a dura missão de ser o primeiro show de uma noite que ainda teria Eduardo Dusek, Barão Vermelho e os gigantes Scorpions e AC/DC, conquistando o público com seus hits oitentistas. Nos dois dias seguintes, as esperadas apresentações de Ozzy Osbourne e Yes encerraram as atrações inéditas, enquanto o segundo fim de semana do festival cumpriu outra promessa do evento: fechar as 90 horas e 10 dias de música.

Quando o Rock in Rio terminou, já era possível sentir o efeito do festival na realidade do país. Por coincidência, a apresentação do Barão Vermelho no quinto dia de festival aconteceu ao mesmo tempo em que Tancredo Neves era eleito. Com Frejat vestido de verde e amarelo e um Cazuza inspirado, a plateia que esperava por AC/DC e Scorpions cantou clássicos como “Bete Balanço” e “Pro Dia Nascer Feliz” em uníssono.

 Mais do que o status de maior festival da América Latina até então, o evento se tornou um dos símbolos da nova fase que começava no país, mais livre e democrática. 



Cortesia: Warner Music Brasil.