sábado, 15 de junho de 2013

BLACK SABBATH: "God Is Dead?" do novo álbum 13.



segunda-feira, 3 de junho de 2013

MEGADETH: Com inspiração morna, banda lança "Super Collider" 14º álbum de sua discografia.


 
Por Rodrigo Carvalho
 
De um projeto de vingança a uma das maiores e mais influentes bandas da história do heavy metal, o Megadeth completa em 2013 trinta anos de existência, entre idas, vindas, polêmicas, discos multi platinados, reabilitações e conversões.
Não apenas isso, marca também o lançamento de seu décimo quarto álbum de estúdio, Super Collider, o primeiro a manter a mesma formação entre um trabalho e outro desde Cryptic Writings (de um longínquo 1997), e também o primeiro a ser lançado pela Tradecraft, o selo do próprio Dave Mustaine. Produzido por Johnny K e masterizado por Ted Jensen, o novo disco ainda conta com a participação de uma série de convidados, responsáveis pela presença de trompete, violino e gaitas de fole nas músicas (embora seja mais do que sutil), além de David Draiman, vocalista do Disturbed/Device.

Faixa por faixa.

“Kingmaker” inicia o álbum com o típico híbrido de thrash e heavy metal, característica que estabeleceu o Megadeth como um dos grandes nomes da música entre as décadas de oitenta e noventa. Porém o resultado aqui soa muito inferior, grande parte pelas linhas vocais apáticas que deixam uma incômoda sensação de que a faixa simplesmente não chegará a nenhum lugar – o que de fato acontece. A indiferença da abertura do disco se mostra mais evidente ao ouvir “Super Collider”, a cadenciada música que batiza o novo trabalho e, que mesmo tendo causado reações controversas ao ser liberada para audição previamente, traz boas ideias e funciona muito melhor do que a anterior.
Apesar do conteúdo lírico mais raso do que o chorume entre a calçada e o meio fio, “Burn!” mostra uma banda se aproximando um pouco mais da simplicidade do hard rock, e é o primeiro momento que realmente atrai a atenção no álbum. Bem diferente de “Built For War”, que tenta mesclar a quebradeira e o peso de um Hellyeah com aqueles coros feitos apenas para as apresentações ao vivo – soando vergonhosos no estúdio.
Com uma introdução que parece preparar para uma faixa épica, a verdade é que “Off The Edge” se revela uma das mais pobres composições da carreira do Megadeth, daquelas que simplesmente não apresentam nenhum momento de inspiração ou um segundo qualquer memorável. Seria para afundar de vez o disco no ostracismo, mas “Dance In The Rain” está entre o que de mais interessante foi escrito pela banda nos últimos anos, puxando-o de volta para a superfície, com diversas mudanças de andamento e um instrumental carregado de detalhes que acrescentam em muito a faixa.
Porém, tudo parece afundar novamente com a arrastadíssima “The Beginning Of Sorrow”, que beira o amadorismo, tão fraco é o seu desenvolvimento em menos de quatro minutos de duração (caindo no mesmo problema de “Kingmaker”), enquanto “The Blackest Crow” retoma os elementos de western e bluegrass, como visto em “Guns, Drugs & Money”, faixa do álbum Th1rt3en. Apesar de ser homônima a uma histórica canção americana e carregar o mesmo sentimento melancólico, são bem diferentes, e mesmo a intenção do Mustaine tendo sido das melhores, a realidade é que é apenas uma música ok.
Voltando para as estruturas musicais mais tradicionais da banda, “Forget To Remember” resgata novamente saudáveis toques de hard rock e heavy tradicional, em um dos momentos mais melódicos em Super Collider e um destaque imediato, com potencial para as apresentações ao vivo muito maior do que o restante do disco. Por outro lado, a seguinte “Don’t Turn Your Back...” cai no mesmo problema de ser uma faixa que vem, vai embora, e não deixa nenhuma passagem memorável sequer, sendo solenemente ignorada a essa altura do álbum. Ou seja, o encerramento não é indiferente apenas graças à fiel versão de “Cold Sweat”, do Thin Lizzy, que se não é nada revolucionário, também não compromete – ao menos não é a regravação de algum sucesso comercial da própria banda.
 
Mas colocando em termos gerais, a realidade é que o Megadeth vem desde 2004 em uma curva descendente de inspiração, lançando discos com composições cada vez mais repetitivas e aparentemente sem o mesmo sentimento de outrora. Em Super Collider, com raras exceções, é um trabalho sem identidade própria, sem ideias memoráveis, com várias músicas sem o menor propósito de existência além de preencher lacunas no tracklist. As letras se mostram simplistas, infantis e sem nenhuma mensagem, bem diferentes do que já foi feito anteriormente e do que comummente é dito pelo incansável polemista falastrão líder da banda, nas entrevistas.
E por falar em Dave Mustaine, é notável como a sua voz está cada vez mais comprometida (basta comparar com os álbuns anteriores): tons mais graves, menos rasgado e em alguns momentos ele parece simplesmente recitar a letra ao invés de efetivamente cantá-la – e boa parte dos pontos negativos em Super Collider são decorrentes dessa insuficiência nas linhas vocais. A grande questão é quanto tempo mais será possível manter uma regularidade em álbuns e turnês.
O Megadeth parece dar mais um passo ladeira abaixo, para longe da influente banda de décadas atrás, indo na contramão dos grandes nomes do thrash metal (que lançaram alguns de seus melhores álbuns nos últimos anos), como se estivesse extremamente confortável em sua situação e fazendo o menor esforço possível para lançar material novo a ponto de marcar a sua própria história de forma positiva.
Pelo menos, desta vez ninguém disse que seria “o melhor álbum desde Rust In Peace”.
 
 
 
 
 
Fonte: Collectors Room\Foto: Sobreposição Boteko.