terça-feira, 30 de outubro de 2012

KISS: "Hell Or Hallelujah" LIVE ON LETTERMAN 10/10/12 - The New Album "Monster".




segunda-feira, 22 de outubro de 2012

KISS: Revigorado, banda acerta ao revisitar os anos 70 em seu mais novo álbum ‘Monster’.




Por: Marcelo Moreira.
 
O álbum “Psycho Circus”, de 1998, mostrou um Kiss no piloto automático, quase que na obrigação de ter de gravar um álbum com inéditas com a formação original – implodida pela segunda vez algum tempo depois. Três boas músicas e nada mais. Demorou 11 anos para novo álbum, “Sonic Boom”, mais empolgado, mas com pouca inspiração, já que não produziu nenhum hit – culpa talvez dos excessos da produção megalomaníaca.
“Monster” é apenas o terceiro álbum do Kiss em 14 anos. Lançado  no começo deste mês, representa um sopro de esperança para uma banda prestes a completar 40 anos de existência. Os exageros característicos dos farofentos anos 80, que ainda estavam presentes em “Sonic Boom”, só que em escala bem menor, foram substituídos por uma bem-vinda simplicidade.
Finalmente o quarteto admitiu: para surpreender os fãs, não era preciso inventar, nem mesmo se reinventar. Bastava olhar para a vizinhança, detectar a mesmice e a falta de ideias, e depois olhar para um passado remoto. Adicione timbres mais modernos de guitarra e está feito um interessante álbum de hard rock.
A opção de deixar o climão setentista dominar “Monster” foi uma decisão acertada. Nem o mais fervoroso fã imaginaria que Gene Simmons (baixo e vocais) e Paul Stanley (guitarra e vocais) se interessariam novamente por uma sonoridade que remete, ainda que parcialmente, aos clássicos “Destroyer”, “Rock’n’Roll Over” e “Love Gun”, gravados entre 1976 e 1977.
Sumiram todos os indícios de obrigatoriedade de gravar algo novo. Pode até ser uma coisa fingida, mas as músicas novas transbordam um astral positivo e mais alegre, são cativantes e, despidas de arranjos pomposos e desnecessários, levam ao Kiss de volta ao terreno do rock’n’roll básico e sem muitas firulas.
Não há nada de memorável em “Monster”. A inspiração foi a sonoridade dos clássicos setentistas da banda – repito, uma decisão acertada –, com resultado positivo e interessante, mas apenas isso.
Assim como em “Sonic Boom”, não há um grande hit, nenhuma música com potencial para se tornar um clássico da banda. No entanto, como um todo, o novo álbum é mais coeso e melhor do que o anterior. A coleção de músicas tem mais qualidade – tocar e gravar com vontade, com bom astral, faz toda a diferença.
“Hell or Hallellujah” foi a primeira faixa ser divulgada na internet. Ainda traz alguns resquícios de uma produção mais esmerada e com acessórios, mas já indicava que o caminho da simplicidade seria trilhado. Mantém as características de um rock de arena próprio para abrir o álbum.
A sequência é uma trinca de levantar estádios, com guitarras na cara e com timbres setentistas deliciosos: “Wall of Sound”, “Freak” e “Back to Stone Age”. “Shout Mercy” é mais pesada, com um ritmo frenético à la AC/DC, com riffs bem construídos de guitarra e baixo.
“Long Way Down” é uma rara pisada na bola. Não porque a música seja ruim – não é. O problema é que claramente uma chupação do clássico dos Yardbirds “Shapes of Things”. A semelhança é tão clara que ouvi-la torna-se um constrangimento.
As demais músicas mostram um nível bastante parecido, de boa qualidade e com doses extras de animação, com destaque para outro rock de arena, um pouco mais pesado e rápido, mas contagiante, “All for the Love of Rock & Roll”, cantada pelo baterista Eric Singer.
E a maior de todas as surpresas: cadê a indefectível balada? quase todos os álbuns do Kiss contêm pelo menos uma… e “Monster” quebra a escrita. Não resta dúvidas de que é um álbum diferente. Traz o Kiss revigorado e com vontade, produzindo um trabalho muito bom.
Assim como o Van Halen no começo do ano, com “A Difficult Kind of Truth”, o quarteto mascarado voltou para marcar terreno e mostrar que, sem ser brilhante ou genial, ainda é capaz de varrer 90% do rock insosso e insípido produzido neste século XXI.
 
Lista de músicas:
  1. Hell or Hallelujah
  2. Wall of Sound
  3. Freak
  4. Back to the Stone Age
  5. Shout Mercy
  6. Long Way Down
  7. Eat Your Heart Out
  8. The Devil is Me
  9. Outta This World
  10. All for the Love of Rock & Roll
  11. Take Me Down Below
  12. Last Chance.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

G3: South America Tour 2012.


Desde 1996, um trio memorável de guitarristas no cenário musical se reúne e sai em turnê em apresentações que mostram o porque de terem se tornado fenômenos do mais popular instrumento do rock ‘n roll, a guitarra.
Originalmente organizado pelo lendário guitarrista Joe Satriani, as primeiras turnês do G3 contaram com a participação de Steve Vai, Eric Johnson, Kenny Wayne Shepherd, Robert Fripp, Yngwie Malmstein, entre muitos outros. A turnê G3 2012 vem ao Brasil para apresentações no Rio de Janiero, no Citibank Hall, dia 11 de outubro e em São Paulo, no Credicard Hall, dia 12 de outubro.
O trio que vem ao Brasil é formado por Joe Satriani, 14 vezes indicado ao Grammy e que já tocou com Mick Jagger e Deep Purple, John Petrucci, premiado guitarrista e fundador da banda de metal progressivo Dream Theather e Steve Morse, conhecido por seu trabalho impecável no Dixie Dregs e o no Deep Purple.
 
Joe Satriani

Joe Satriani tem sido um herói da guitarra no mundo inteiro desde seu primeiro álbum de sucesso, de 1987, Surfing With The Alien. Mais de 10 milhões de álbuns vendidos depois, 14 indicações ao Grammy e inúmeros elogios, Joe continua a tocar seu rock moderno.
Embora ele originalmente tenha começado sua carreira ensinando alguns dos principais guitarristas dos anos 80 e 90, como Kirk Hammet do Metallica e o virtuoso Steve Vai, Joe Satriani é universalmente conhecido como um dos guitarristas mais técnicos e respeitados da história da música rock. Satriani, que cita Jimi Hendrix como uma grande influência, rapidamente estabeleceu sua reputação como um dos guitarristas mais importantes do rock. Desde o lançamento do Surfing With The Alien, em 87, Satriani tem continuamente sido eleito o melhor guitarrista nas pesquisas de leitores das principais revistas especializadas. Escolhido por Mick Jagger para participar em todo o mundo da turnê de seu primeiro disco solo e pelo Deep Purple para a turnê no Japão e Europa, Joe rapidamente provou ser um herói da verdadeira guitarra.
Depois de lançar vários álbuns solos, aclamados pela crítica em 1996, Satriani embarcou na primeira turnê do G3, que se tornou um sucesso instantâneo. O G3 tem realizado shows esgotados em todo o continente norte-americano, Europa, América do Sul, Japão e Austrália, e já gravaram 3 DVDs ao vivo.
Em 2009, Joe se juntou a Sammy Hagar e Michael Anthony, do Van Halen, além de Chad Smith do Red Hot Chili Peppers para formar Chickenfoot. O álbum de estréia foi um sucesso internacional recebendo disco de ouro nos EUA, Canadá e Europa, mais o reconhecimento da revista Classic Rock como a melhor New Band de 2009.
Joe lançou recentemente seu álbum de estúdio número 14, Black Swans And Wormhole Wizards, pela Sony, que estreou nas paradas de álbuns da Billboard em # 45, a sua melhor estreia em 18 anos!
 
John Petrucci
 
John Petrucci é o guitarrista e membro fundador do Dream Theater. Ele freqüentou a Berklee College of Music, onde o núcleo do Dream Theater foi formado. Como produtor, compositor e backing vocal, seus projetos secundários incluem o Liquid Tension Experiment, com Tony Levin, além de ser um veterano no prestigiado projeto de Joe Satriani, o G3, juntamente com Steve Vai, Eric Johnson e Paul Gilbert.
Entre os prêmios que recebeu estão: “Guitarrista do Ano”, em 2007, da revista Total Guitar, e “Melhor Guitarrista de Metal”, em 2010 e 2011 do Reader´s/Player´s Choice Awards da revista Guitar Player. Em 2011, John foi nomeado um dos 20 melhores guitarristas de metal na enquete Total Guitar, bem como “Melhor Guitarrista” no Classic Rock Prog .
Lançado em 1995, seu vídeo instrucional Rock Discipline continua tendo grande consideração pelos guitarristas de todo o mundo por ser um guia de uma influente e a

brangente técnica moderna de tocar guitarra. O Livro de John, intitulado Guitar World Presents John Petrucci´s Wild Stringdom, é uma compilação do que já escreveu para sua coluna na revista.

Algumas das primeiras influências de John incluem Steve Morse, Al DiMeola, Steve Howe, Allan Holdsworth, Stevie Ray Vaughan, Randy Rhoads, Joe Satriani, Steve Vai, Alex Lifeson, Yngwie Malmsteen, Rush, Yes, Iron Maiden, The Dixie Dregs e Metallica.

Steve Morse

Steve Morse é um guitarrista e compositor americano, mais conhecido como o fundador dos Dixie Dregs e o mais novo membro do Deep Purple. A carreira de Morse abrangeu rock, country, funk, jazz, clássica e uma fusão desses gêneros musicais. Além de sua próspera carreira solo, o seu tempo com o Deep Purple e os Dixie Dregs, ele desfrutou de um breve período com o Kansas, em meados dos anos 80.
Morse é considerado um dos mais complexos guitarristas de se trabalhar. Ele é amplamente conhecido por suas diversas habilidades de composição. Ele foi eleito o “Melhor Guitarrista” pela revista Guitar Player por cinco anos consecutivos, qualificando-o para se juntar a Steve Howe do Yes e Eric Johnson no Hall of Fame da Guitar Player. John Petrucci regularmente cita-o como uma grande influência e o guitarrista Shawn Lane refere-se a Morse como um dos guitarrista mais talentoso de seu tempo. Ao longo dos anos, Morse tem continuamente provado sua genialidade – estruturando complexos acordes em sequências clássicas com arpejos rápidos. Mesmo após 47 álbuns, Morse continua a superar seus limites. Além de seus projetos solos contínuos, projetos colaborativos e o trabalho com o Deep Purple, Steve pode olhar para trás e enxergar uma carreira extraordinária e um futuro de infinitas possibilidades.

RIO DE JANEIRO

Serviço: G3
Realização: TIME FOR FUN
Local: Citibank Hall – RJ – Av. Ayrton Senna, 3000 – Shopping Via Parque – Barra da Tijuca
Data: 11 de outubro de 2012
Horário show: 21h30
Duração do show: aproximadamente 1h30
Classificação etária: 15 anos em diante: permitida a entrada (desacompanhados).
Capacidade: 3.093 pessoas
Meio de Pagamento Preferencial: Credicard
Acesso para deficientes.
 
 
 
Fonte: Revista Acesso Total.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

BOB DYLAN: A tempestade do bardo.

 
Lizandra Pronin
Redação TDM.
 
Assim como aquelas bebidas que envelhecidas chegam ao ponto certo, Bob Dylan está numa fase de ouro. É verdade que ao longo de sua carreira, o músico teve altos e baixos, acertou e errou muitas vezes. Incorporou personas diferentes. Já fez som plugado e desplugado. Afugentou fãs por motivos que serviram para angariar outros tantos. O que mais o bardo poderia fazer?
"Tempest", o 35º álbum de uma extensa discografia, está aí para provar que Dylan tem sempre algo para mostrar. Não que Dylan, do alto de seus 71 anos, tenha resolvido revolucionar a música. Não, ele faz o que sempre fez - folk, blues, rock, country e baladas - só que consegue parecer renovado dentro de sua seara. A curva que acompanha a linha do tempo do artista, aponta para cima, mais uma vez.
Seus fãs estão sempre atentos e quando o músico revelou o nome do álbum, logo surgiram boatos sobre ser este seu último lançamento. O motivo: "Tempest" é o nome da última peça de William Shakespeare. Dylan negou qualquer relação. A faixa que dá título ao álbum, com quase 14 minutos de duração, traz referências ao naufrágio do Titanic.
O disco abre com "Duquesne Whistle", escrita em parceria com Robert Hunter (Grateful Dead). A música, que ganhou o videoclipe que você vê abaixo, sugere mais de uma interpretação, mas é claro que Dylan está informando que ainda tem muito a dizer.
Em "Narrow Way", aliás, ele avisa mais uma vez para quem tiver qualquer dúvida de sua força: está pronto para a luta e seu oponente não sairá dela sem cicatrizes. Nada mal para um senhor de sua idade. Vale destacar no repertório, o modo afiado - como sempre - com que Dylan aborda temas sombrios, como acontece em "Long and Wasted Years" e "Early Roman Kings".
"Scarlet Town" também merece menção. A balada melancólica traz referências a um poeta abolicionista do século XIX chamado John Greenleaf Whittier e descreve cenas que o ouvinte imagina com tanta facilidade que é como se seu personagens tomassem vida.
"Roll On John" fecha o álbum e é uma homenagem ao falecido amigo John Lennon. "Brilhe, siga adiante, você brilha tanto, siga John", diz sua bela letra que, no final, ganha versos de William Blake (Tyger, Tyger burning bright / In the forest of the night). Dylan sempre foi muito bom com palavras e em "Tempest" continua assim. Isso sem contar a voz rouca e já um tanto tremulante de Dylan que continua com aquela ironia sutil que só ele consegue ter.
 
Track List:
 
01. Duquesne Whistle
02. Soon After Midnight
03. Narrow Way
04. Long and Wasted Years
05. Pay In Blood
06. Scarlet Town
07. Early Roman Kings
08. Tin Angel
09. Tempest
10. Roll On John

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

THE BEATLES: Discografia completa ganha edição em vinil.



 A discografia dos Beatles acaba de ganhar uma versão em discos de vinil. Os discos trazem as canções remasterizadas lançadas entre 2009 e 2010 e colocados à venda em formato digital pela iTunes.
Ao todos, são 12 álbuns originalmente lançados entre 1963 e 1970, além de "Magical mystery tour", o duplo "Past masters", EPs e faixas raras. A caixa com a coleção completa chega às lojas internacionais em novembro - dia 12 na Europe e 13 nos EUA. Os álbuns também serão vendidos individualmente.
Acompanham os álbuns um livro de capa dura - em edição limitada a 50 mil cópias. Com 252 páginas, o livro traz fotos e capítulos sobre cada um dos discos, escritos por Kevin Howlett, produtor de rádio que já fez documentários sobre a banda.





Fonte: Redação TDM.

Produtora confirma volta do festival Monsters of Rock ao Brasil.

 
Quem gosta de rock se lembra do Monsters of Rock, festival que trouxe ao Brasil, em quatro edições, diversos nomes de peso do rock, especialmente do Heavy Metal. O evento volta a acontecer no País no próximo ano.
 

A produtora XYZ Live confirmou nesta segunda-feira (1º) que vai voltar a realizar no Brasil o festival Monsters of Rock, que tem foco em bandas de heavy metal. A assessoria de imprensa da empresa, entretanto, ainda não confirma datas e atrações do evento. O festival teve quatro edições no Brasil entre 1994 e 1998, com atrações como Black Sabbath, Slayer, Kiss e Ozzy Osbourne.
Quem faz renascer o Monsters of Rock é o responsável pelo festival, o empresário e booker José Muniz, que está de volta ao Brasil, agora como parte da equipe da produtora XYZ Live. Vale lembrar que José Muniz era o proprietário da Mercury Concerts, vendida para a CIE Brasil que depois se transformou em Time for Fun. O festival Monsters of Rock deve acontecer no final do ano que vem, ainda sem data ou atrações divulgadas.
O Monsters of Rock foi criado na Inglaterra, em 1980, e teve edições inglesas até 1996, com um retorno único em 2006. O evento também foi realizado em diversos outros países além de Inglaterra e Brasil. Em 2008, houve uma edição no Chile, com Ozzy Osbourne, Korn e outros.



 

Fontes: TDM, G1 e KC.

ESPECIAL BOTEROCK: De volta para o vinil.



Por Peter Aspden.

Se você gosta de música e tem uma certa idade - a idade das pessoas que comandam o mundo -, eis como se desenrola uma conversa típica sobre sua grande paixão: primeiro, você lamenta a banalidade dos reality shows e como os cantores não conseguem mais segurar uma nota, preferindo girar em torno dela por duas horas em uma choradeira grudenta. Você odeia o falso melodrama da batalha para se tornar o número um e fica imaginando por que ninguém mais escreve suas próprias músicas. Você vai dizer que a música não era assim e vai lembrar de solos de guitarra que faziam os dedos sangrar.
Depois, você vai dizer que não compra um álbum - um álbum de verdade - há anos, porque a maioria dos discos parece ser ruim e, além disso, onde está a graça de ficar brigando com um estojo de plástico esquisito ou, pior, de baixar silenciosamente da internet arquivos de dados? O rock e a música popular perderam a alma, continuará você, que começará a falar sobre a beleza dos discos de vinil. Se você estiver particularmente sentimental, poderá começar a descrever os riscos em seus discos favoritos, embora a esta altura possa perder seus interlocutores, especialmente se eles ainda não estiverem recebendo suas aposentadorias e não conseguirem ver qual é a importância de um risco em um disco de vinil.
Mas os riscos são importantes. "Somos todos filhos de John Cage [1912-1992] e sabemos que o silêncio não existe", diz Andrew Renton. Escritor, acadêmico e curador, ele fica tão entusiasmado ao encontrar novos riscos e chiados que acabou se transformando no que é atualmente conhecido como "vinyl junkie", um viciado em vinil. "Dei todos os meus discos há 15 anos e todos os dias me arrependo disso", diz. "Achei que não ia mais precisar deles, e também não tinha mais espaço em casa. Mas com eles perdi uma parte enorme do meu ser. Foi a era digital que fez isso. Passei a última década tentando comprar novamente todos os discos que dei."

 
   O ano de 1977 viu uma série de lançamentos importantes na história da música pop,  como  "Low",   de David Bowie.

A era digital: um tempo milagroso para a informação, acessibilidade, o armazenamento e a portabilidade; um tempo ruim para o disco de vinil. A entidade que teve início há 60 anos com o nome Long Playing Record está em crise. Números divulgados pela indústria fonográfica do Reino Unido em julho revelaram que, apesar do tão alardeado crescimento do mercado digital, as vendas de discos no Reino Unido caíram 12,7% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. As vendas totais de discos no primeiro semestre deste ano foram de 43,6 milhões de unidades, uma queda de 13,8% sobre os 50,5 milhões de álbuns vendidos no primeiro semestre de 2011. O padrão é parecido no mundo todo.
Estes números desanimadores surgem dois meses após o anúncio de que as vendas do formato digital superaram as vendas físicas pela primeira vez, respondendo por 55,5% das receitas registradas no Reino Unido no primeiro trimestre de 2012. As gravadoras tentaram apresentar isso como uma pequena vitória. Mesmo assim, é fato que estamos comprando menos música. E o álbum - o esteio do setor na era dourada do rock, que começou na década de 1960 e desapareceu em algum momento na virada do milênio - está rapidamente se tornando uma irrelevância musical.
Besteira, afirmam aqueles que se negam a aceitar o declínio, reagindo com uma única palavra: Adele. O segundo álbum da cantora britânica, "21", vem tendo um desempenho surpreendente desde seu lançamento no começo de 2011. Ele lentamente vem ganhando posições na lista dos discos mais vendidos no Reino Unido em todos os tempos e em maio superou "Thriller" (1982), de Michael Jackson, passando a ocupar o quinto posto na lista. "21", um disco influenciado pelo soul americano, está bem acompanhado: os quatro únicos discos que venderam mais cópias no Reino Unido são "Greatest Hits" (1981); do Queen; "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band" (1967), dos Beatles, "Gold: Greatest Hits" (1992), do Abba, e "(What's the Story) Morning Glory?" (1995), do Oasis. ("Thriller" continua sendo o disco mais vendido de todos os tempos no mundo, com mais de 100 milhões de cópias.) Mas esta é uma exceção dentro da tendência. É admirável "21" ainda ocupar a primeira posição nas paradas em abril de 2012, mais de um ano após seu lançamento. Menos impressionantes foram suas vendas na semana em questão: apenas 17.000 cópias, o menor número de um topo de parada no Reino Unido desde 1995.
Isso não deveria ser surpresa. No mundo digital, que advoga a brevidade e gera períodos de atenção curtos, não há motivo para uma peça de música de 45 minutos dividida em faixas cuidadosamente ordenadas continuar sendo a unidade de produção mais importante de música popular.

Álbum de estreia, homônimo, do Clash.
 
Os álbuns foram criados principalmente para os amantes da música clássica, que a partir daí não precisaram mais interromper suas sinfonias e óperas para trocar uma caixa inteira de discos de 78 rotações por minuto. O novo formato era compacto e atraente, não só pela qualidade do som como também pela embalagem. Os pioneiros do design de capas de discos, como Alex Steinweiss (1917-2011), da Columbia, podiam embelezar as capas de 12 polegadas com ilustrações arrojadas que ocupavam posição de destaque na prática artística.
Mas foi preciso tempo para o álbum ganhar confiança no mundo da música popular. Inicialmente os discos eram tidos como os veículos onde os singles de grande vendagem iam inseridos, como se fossem jukeboxes portáteis. Mas nos anos 1950, os artistas de jazz começaram a atrelar a música de um álbum a conceitos livres. "Songs for Swingin' Lovers!" (1956), de Frank Sinatra, trazia uma capa de concepção suave, anunciando músicas românticas e fáceis. Era para ser ouvido em sua totalidade.
Nas décadas seguintes o disco de vinil estabeleceu sua hegemonia sobre a indústria da música, da extravagância psicodélica de "Pet Sounds" (1966), dos Beach Boys, aos ambiciosos álbuns conceituais: "Tommy" (1969), do The Who; "Thick as a Brick" (1972), do Jethro Tull; e "The Dark Side of the Moon" (1973), do Pink Floyd, o segundo disco mais vendido no mundo. O álbum de rock ganhou peso e pretensão, ainda que nem sempre o apuro técnico da música clássica.
Os rituais perdidos de segurar um disco de vinil pelas bordas e colocá-lo no toca-discos forçavam as pessoas a ouvir as coisas até o fim?
Todos têm, levando em conta o gosto pessoal, seu ano mais pródigo em discos. Na minha opinião, é difícil bater 1977, quando foram lançados sucessos comerciais como "Rumours", do Fleetwood Mac, e a trilha sonora de "Os Embalos de Sábado à Noite". Foi também o ano das estreias atribuladas do The Clash, do Sex Pistols, The Jam e Elvis Costello; o ano das estreias inteligentes dos "art-rockers" americanos do Television ("Marquee Moon") e do Talking Heads ("Talking Heads: 77"); o ano do virtuosismo engenhoso de "Aja", do Steely Dan; e de dois grandes trabalhos de David Bowie, "Low" e "Heroes". É difícil ignorar uma lista dessas. O disco de vinil estava cobrindo todas as bases e vendendo aos montes.
A introdução do CD (compact disc) nos anos 1980 serviu apenas para reforçar a supremacia dos álbuns. Vendidos com a promessa de serem indestrutíveis e apresentar uma qualidade de som superior (adeus riscos e chiados!), eles conquistaram os compradores de discos, levando muitos a refazer todas as suas coleções. Novos gigantes surgiram no mundo da música - Dire Straits, Madonna -, mas o formato triunfante do LP permaneceu intacto.
Isso poderia ter acontecido de novo na revolução digital. Mas não aconteceu.
A velocidade da supervia da informação acabou transformando o jogo. Ela eliminou as faixas longas. Os próprios artistas responderam trabalhando em formatos mais curtos: singles de vídeo veiculados no YouTube e EPs, como "The Fame Monster" (2009), de Lady Gaga. A marcha inexorável do iTunes rumo ao domínio da distribuição de música tornou a necessidade dos álbuns quase obsoleta: a cultura do pegar-e-misturar havia chegado para ficar.
Trilha sonora do filme "Os Embalos de Sábado à Noite",  
que traz sucessos dos Bee Gees.
 Mas um fenômeno estranho ocorreu enquanto a revolução digital acabava com as normas do setor: as pessoas começaram a pedir suas músicas favoritas em vinil novamente. Sempre houve dissidentes insistindo que a compressão da música digital piorava a qualidade da experiência auditiva. O que estava ocorrendo era diferente também em outro sentido: entre os jovens, os discos de vinil passaram a ser um distintivo de honra retrô. Esqueça seu iPod e os telefones diminutos. Isso é a verdadeira música, para ser tocada em seu formato adequado.
"O problema com a era digital é que é muito mais difícil formar um laço com a música", diz Renton, professor de curadoria do Goldsmiths College de Londres. "Estamos na era do 'shuffle' [embaralhar] e do botão 'next' [próximo]. Perdemos nossa disciplina." Os rituais perdidos de segurar um disco de vinil pelas bordas e colocá-lo no toca-discos, diz ele, forçavam você a ouvir as coisas até o fim. "Isso é muito menos provável agora, quando você pode simplesmente apertar o 'fast-forward'. Eu era muito sistemático a esse respeito. Uma vez que eu colocava um disco para tocar, tinha que ter certeza de que teria 45 minutos para ir até o fim, não importando o que pudesse acontecer."
Renton, que está com 49 anos, diz que o problema da qualidade do som é quase incidental. "Eu nem tenho um toca-discos. Mas estou comprando mais e mais discos de vinil. Vai entender!" Ele diz que na "nova democracia" da era digital, em que a acessibilidade mundial e a distribuição são possíveis pela primeira vez, podemos nos pegar ouvindo muita música e nos apegar a objetos e experiências do passado por insegurança. É a amplitude e o ritmo da paisagem sonora atual que nos desorienta. "Você está no segundo verso de uma música e já está nostálgico com o primeiro. A nostalgia é instantânea." Daí o retorno às virtudes sólidas e de movimentos lentos do vinil.

Mas nem tudo é só nostalgia. Na Walton Street, no elegante distrito londrino de Brompton Cross, os discos de vinil estão dando seus primeiros e improváveis passos no complexo mundo da moda e dos artigos de luxo. Na galeria Vinyl Factory, edições especiais de discos de vinil, com as capas originais e prensagens de alta qualidade, são vendidas para aficionados que abraçam os mundos da música e das artes plásticas com igual fervor.
Primeiro  álbum  da  banda  Talking  Heads,   com   o   hit
"Psycho Killer".
Uma edição de capa dupla de "Le Voyage Dans La Lune" (2012), dos franceses do Air, custa 30 libras. Mas você pode também comprar uma caixa com quatro discos, um DVD e material impresso por 200 libras. O mais recente álbum do grupo Duran Duran, "All You Need Is Now", está disponível por 250 libras, em uma tiragem de 500 cópias que inclui o disco em vinil transparente (sem informações confusas no selo) e uma caixa que serve de moldura. Você pode tocar o disco ou colocá-lo em uma prateleira.
Sean Bidder, diretor de criação da Vinyl Factory, diz que a demanda por essas edições híbridas é animadora e vem de todas as partes do mundo. "Parece que o fascínio pelo número infinito de escolhas está diminuindo um pouco", diz ele. "Será que realmente há prazer em ter de ficar constantemente atento a tudo? Talvez as pessoas queiram saber mais sobre um número menor de coisas." Ele diz que a demanda "retromaníaca" pelos discos de vinil é análoga ao movimento Slow Food: "As pessoas não precisam comprar coisas que não querem, preferindo se concentrar na qualidade. Se for interessante, estimulante e benfeito, as pessoas vão pagar mais pelo produto". A companhia faz uma prensagem de alta qualidade e usa técnicos em silkscreen conceituados, diz Bidder. "É como um retorno à era da habilidade artesanal."
Os artistas, atentos ao novo modelo de negócios, estão fatiando seus produtos em contratos diferentes para distribuição digital, física e edições especiais. Nos anos triunfantes em que as gravadoras podiam cobrar o que queriam de produtos mal embalados e mal concebidos, das profundezas das pesquisas de mercado surgiu a figura desafortunada do sujeito cinquentão e bem de vida, que não pensava duas vezes antes de entrar em uma grande loja de discos, no caminho para casa depois de alguns drinques num pub, para gastar uma boa soma em CDs que o lembravam de sua paixão da juventude.
Era fácil, conveniente e rápido. Mas a paixão era a única coisa que não podia ser comprada. O milagre da mídia digital tornou a música ainda mais conveniente e a afastou ainda mais dos nossos corações. A nova era do vinil nada mais é que uma reação contra o excesso: a variedade excessiva de escolhas, a velocidade excessiva, a conveniência excessiva. Sabemos, no fundo, que a paixão pela música deve ser mais exigente do que isso. Nos sentamos, colocamos cuidadosamente a agulha sobre o disco e nos submetemos, num êxtase antecipado, ao primeiro chiado do dia. E realmente ouvimos.

 
 
(Tradução de Mario Zamarian)
Enviado por: Marco Antonio B. de Sá.